Há um bloco de Carnaval em Salvador chamado “Paroano sai milhó”. Traduzindo do bom baianês, quer dizer que, no ano que vem, será melhor. Se o assunto é Salvador como cidade sede da Copa do Mundo 2014, não poderia haver expressão mais adequada. A cidade ganhou um belo estádio, a Arena Fonte Nova, mas salvo algo que se pince aqui e ali, foi só isso.

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A conta é simples, e passa por uma listinha básica do que a maioria de nós, soteropolitanos, imaginou quando se falou nas “copas”. A primeira delas é, sem dúvida, a questão da mobilidade urbana, que assombra a cidade há pelo menos 13 anos, quando começaram as obras do menor metrô do mundo – sim, tem apenas seis quilômetros.

Uma das coisas boas do trânsito da cidade, que era a faixa exclusiva de ônibus que funcionava no canteiro central da Avenida Bonocô, acabou para dar lugar à novidade, que até hoje, e milhões de reais depois, nunca veio dar à praia. No cotidiano da cidade, a realidade é uma frota de mais de 840 mil veículos, com 1,5% de ônibus e micro-ônibus, todos circulando por uma cidade sem semáforos inteligentes, central de trânsito ou sequer uma malha asfáltica adequada. Resultado prático: a prefeitura decretou feriado municipal nos dias dos jogos da Copa das Confederações para garantir que torcedores e delegações chegassem ao estádio.

Além do trânsito, some-se aí problemas na segurança e no aeroporto da cidade. E ainda há comida e da bebida no estádio, que acabaram antes do início dos jogos e só eram alcançadas depois de filas intermináveis. Esse conjunto de frustrações, de seriam mais não foram, é o maior motivo para que a Copa das Confederações não tenha tido uma grande adesão da cidade. Excesso de expectativas pode até ser uma boa desculpa, mas que não vai colar em 2014.

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