Com o maior percurso já planejado para uma tocha olímpica (com uma parada no espaço, inclusive), a Rússia prende o fôlego, preocupada, em relação à Olimpíada de Inverno de Sochi, marcada para fevereiro de 2014.

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Isso, na opinião de analistas, motiva o governo de Vladimir Putin a praticar uma série de “bondades”, entre as quais estariam a anistia a presos polêmicos.

O caso mais rumoroso é o dos “30 do Ártico”, ativistas do Greenpeace que receberam anistia no último dia 18 e esperam visto para sair do país – entre eles, a brasileira Ana Paula Maciel.

O objetivo do governo russo é de tranquilizar organismos internacionais e outros países a respeito do comportamento em relação aos direitos humanos. Presidentes da França e da Alemanha chegaram a anunciar que não participarão da cerimônia de abertura, e os Estados Unidos disseram que enviarão ex-atletas homossexuais. Por isso, o governo deu sinal verde a um grupo contra o qual as autoridades locais costumam ser implacáveis: os gays. Na tentativa de atenuar críticas, Putin avançou o discurso:

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– Estamos fazendo de tudo, tanto organizadores quanto atletas, para que os participantes e convidados sintam-se confortáveis em Sochi, independentemente de nacionalidade, raça ou orientação sexual – chegou a dizer Putin a Thomas Bach, chefe do Comitê Olímpico Internacional.

O mais recente sinal de afrouxamento na famosa rigidez russa foi a libertação do ex-magnata do petróleo e opositor Mikhail Khodorkovsky. Na sexta-feira, Putin assinou um indulto a seu inimigo, citando razões humanitárias.

Ontem, dois dias após sua libertação, Khodorkovsky saiu a público, em Berlim, para assegurar que não retornará a seu país e que tentará ajudar outros “presos políticos” na Rússia.

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O oposicionista chegou a Berlim poucas horas depois de ser libertado do campo de detenção na cidade de Segezha, na região de Carelia (noroeste), após 10 anos de prisão.

Na manifestação feita ontem, ele agradeceu à chanceler alemã Angela Merkel por ter contribuído para sua libertação. Também indicou que as autoridades russas não deram “a opção” para que permanecesse em seu país e afirmou ser contra o boicote aos jogos de Sochi, como alguns propõem.

– Não tive outra opção – declarou, durante entrevista coletiva em Berlim. – Desconheço muitos aspectos da minha libertação. Farei o possível para não restar ninguém nas prisões russas.

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A rapidez de sua partida para Berlim já havia alimentado a tese de exílio forçado, ainda que um porta-voz de Putin tenha desmentido tal possibilidade. Khodorkovsky é “livre para voltar para a Rússia”, assegurou no sábado o porta-voz Dmitri Peskov.

O ex-magnata havia escrito duas cartas à presidência solicitando o indulto. Em relação aos jogos de Sochi, declarou que uma “festa do esporte como esta não pode ser estragada”, mas salientou que tampouco deve ser transformada “numa festa de Vladimir Putin”.

Outra preocupação do governo em relação aos jogos se dá pelos riscos do terrorismo. Sochi fica perto do Cáucaso, palco de insurgência islâmica.

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O percurso da tocha e os motivos para um boicote