O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, não perdeu tempo nesta quinta-feira depois de ter obtido 23 bilhões de euros do novo plano de ajuda à Grécia e renunciou a fim de consolidar sua base nas novas eleições legislativas.
Continua depois da publicidade
“Agora que esse ciclo difícil terminou, submeterei à sua avaliação tudo o que realizamos, declarou Tsipras em curto discurso televisionado às 20h30 do horário local (17h00 GMT).
Tsipras disse ter “a consciência tranquila” e garantiu ter “resistido às pressões e chantagens”, para, em seguida, apresentar sua demissão ao presidente da República, Prokopis Pavlopoulos.
O primeiro-ministro sentiu-se pressionado para convocar essas eleições antecipadas depois de ter perdido o quórum no interior de seu partido Syriza, pelo racha em torno do terceiro plano de resgate para o país e as condições impostas pelos credores para concedê-lo.
Esse anúncio, que não se esperava que fosse tão prematuro, não chega a surpreender. Depois de ter sido eleito em janeiro por um programa que criticava os dois planos de ajuda anteriores, impostos ao país em 2010 e 2012 por um montante total de 240 bilhões de euros, Tsipras acabou aceitando um terceiro, no dia 13 de julho, para evitar a saída da Grécia da zona do euro.
Continua depois da publicidade
Na votação no Parlamento grego desse novo plano de ajuda, em 14 de agosto, a oposição o apoiou. No entanto, 43 dos 149 deputados do Syriza, alguns fiéis às suas ideias e outros favoráveis à volta do dracma como moeda, votaram contra ou se abstiveram.
Apesar de suas idas e vindas, Tsipras continua sendo popular entre grande parte da população que detesta os dois principais partidos de oposição, o Nova Democracia (direita) e o Pasok (socialista). Por isso, ele espera conseguir renovar sua base.
Provavelmente, o primeiro-ministro poderá desvincular-se de seus companheiros mais radicais, o ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, líder dos contestadores, e a poderosa presidente do Parlamento, Zoé Konstantopoulou.
Regresso à austeridade
Esss votos contra as medidas de austeridade que condicionaram a recepção de 86 bilhões de euros (96 bilhões de dólares) em três anos, reduziu a maioria parlamentar do Syriza a 119 (com o apoio de seu aliado ANEL) dos 300 assentos.
Continua depois da publicidade
Eleito no fim de janeiro com maioria de 36%, Tsipras chegou ao poder com a promessa de acabar com as duras políticas de austeridade impostas ao país desde 2010.
Finalmente, depois de seis meses de árduas negociações com os credores, Tsipras cedeu às pressões da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter o resgate e evitar assim a saída do país da zona do euro, o que traria graves consequências para a Grécia e também repercussões incertas para a economia mundial.
Fontes do governo citadas pela agência de notícias estatal ANA disseram que Tsipras propôs novas eleições legislativas para 20 de setembro.
Essa eleição seria a quinta legislativa convocada na Grécia em um período de seis anos, desde outubro de 2009.
Continua depois da publicidade
Uma vez anunciada a proposta de Tsipras a esta nova consulta, Martin Selmayr, chefe de gabinete do presidente da Comissão europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que essas eleições antecipadas na Grécia, “podem levar a uma ampliação do apoio ao Mede (Mecanismo Europeu de Estabilidade), que Tsipras assinou recentemente”.
Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que as eleições antecipadas não devem retardar os acordos de reformas concretizados com a Grécia.
“É crucial que a Grécia mantenha seus compromissos na zona do euro”, disse Dijsselbloem. “Existe um amplo apoio para este programa, assim como para o pacote de reformas do Parlamento grego”, declarou Dutch à imprensa.
“Espero que as novas eleições levem a um maior apoio do Parlamento grego”, acrescentou Dijsselbloem.
Continua depois da publicidade
* AFP