Com o fim das eleições municipais, a movimentação na política nacional se volta agora às votações que definem os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. As principais discussões até o momento envolvem a principal cadeira da Câmara, onde o atual presidente Arthur Lira (PP-AL) ganhou notoriedade com dois mandatos consecutivos e um maior protagonismo nos recursos do governo federal. Ele negociou aumentos na parcela de recursos destinados a emendas parlamentares, o que faz com que deputados possam contribuir com obras e ganhem força política nas suas regiões.

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A disputa pela sucessão de Arthur Lira tinha inicialmente quatro candidatos, mas um deles, Marcos Pereira (Republicanos-SP), desistiu de concorrer ainda em setembro. Dos três nomes que sobraram, Hugo Motta (Republicanos-PB) ganhou força nos últimos dias e despontou como grande favorito para vencer a eleição e suceder Lira.

Hugo Motta lançou oficialmente a candidatura na terça-feira (29) e já largou com o apoio público de Lira. Ele disse considerar os outros dois postulantes amigos da vida, mas vê em Hugo Motta um perfil mais próximo de chegar a um consenso entre os partidos que compõem a Câmara.

No dia seguinte, em reuniões com as direções dos partidos, outros apoios expressivos a Hugo Motta vieram a reboque: do PT, do presidente Lula, e do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. O MDB também acompanhou e aderiu à candidatura de Hugo Motta.

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A onda de acordos esvaziou as intenções dos outros dois candidatos que ainda mantêm seus nomes na disputa: Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA). Os dois tinham um acordo para estarem juntos caso concorressem e apenas um deles chegasse ao segundo turno.

Candidaturas rivais podem “cair” até a próxima semana

Nesta quinta-feira (31), o União Brasil de Elmar Nascimento anunciou uma reunião para a próxima terça-feira (5) com Hugo Motta para discutir uma adesão do partido à candidatura do deputado do Republicanos. Isso seria o fim do projeto de candidatura de Elmar Nascimento. Nesta quinta, Elmar disse que o partido mantém sua candidatura, mas admitiu pela primeira vez a possibilidade de abrir mão da disputa ao dizer que “chegou mais longe do que pensava”.

Caso o União Brasil também embarque na candidatura de Hugo Motta, restará apenas a negociação com o PSD de Antônio Brito para fechar um amplo consenso entre toda a Casa, unindo PT, PL e o Centrão. O PSD é presidido nacionalmente por Gilberto Kassab, que deve se reunir com deputados do partido no fim de semana para alinhar um posicionamento. Lira também entrou em campo para convencer o PSD a apoiar Motta. Caso isso ocorra, Antônio Brito também retirará a candidatura, restando apenas o nome de Hugo Motta. Outras siglas do bloco conhecido como Centrão, como PP e Podemos, já anunciaram apoio à candidatura do parlamentar do Republicanos apoiado por Lira.

As discussões para atrair PT, PL e MDB, os aliados fortes confirmados nesta semana, envolveram a promessa de cargos na mesa diretora. A vice-presidência, cargo mais cobiçado após a cadeira de presidente por ter papel estratégico na relatoria de projetos, deve ficar com o PL, que tem o maior número de deputados. O PT, partido do presidente, deve ficar com a primeira-secretaria, que é responsável pela gestão do funcionamento da Casa. Os grupos de Elmar e Brito chegaram a prometer mais espaços ao PT, como a vice-presidência ou “o cargo que o partido quisesse”, mas no fim das conversas pesou uma percepção de que as candidaturas poderiam ter dificuldade para se viabilizar e, por consequência, de entregar os postos prometidos.

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A votação ocorre no dia 4 de fevereiro de 2025, na volta do recesso de fim de ano da Câmara. O mandato é de dois anos, indo até o fim de 2026, quando acaba a atual legislatura.

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