Pipas brancas cortam o céu azul de Florianópolis nesta ensolarada tarde de domingo. É a forma que amigos encontraram para homenagear Diego Taironi Vieira, nascido e criado no Morro do Céu, região do Maciço do Morro da Cruz, que trabalhava com entregas de lanches e morreu num acidente de trânsito na terça-feira, 14. Além das pipas, os amigos preparam uma manifestação nas imediações da Rua Araranguá, onde mora a família. Para evitar aglomeração devido ao Covid-19, os pipeiros seguem distanciamento e se espalham pelo bairro onde Diego aprendeu a gostar da brincadeira.

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— É a forma que encontramos para lembrar de Diego, que cresceu e estudou com a gente, e que gostava se soltar pipas – conta Jonatan de Oliveira, que participa da manifestação. Um outro amigo, Dudu Santos, personalizou uma pipa, onde aparecem os rostos de Diego e do filho de 12 anos, a quem ele ensinou a arte de pipar e que junto com a bola de futebol é a brincadeira mais libertária e barata para crianças de famílias das periferias.

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Trabalhador deixa dois filhos, de nove e 12 anos

O motoboy de 38 anos colidiu com a moto na traseira de um veículo na rodovia SC-401, no Norte da Ilha, próximo ao Centro Administrativo do Estado. Após a batida, o motociclista caiu na pista. No momento, havia uma manifestação no local, a qual provocou bloqueio no trânsito e um longo engarrafamento dificultando acessos em diferentes pontos da região. Diego foi projetado da moto e sofreu lesões na região da cabeça. A polícia informou que o excesso de velocidade pode ter provocado o acidente. 

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Pipa personalizada com uma arte de Diego e seu filho (Foto: Divulgação)

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Os socorristas foram chamados e identificaram traumatismo cranioencefálico, com hemorragia pelo nariz. Houve deslocamento de uma aeronave e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Os bombeiros tentaram reanimar a vítima, que morreu no local. 

Casado e pai de duas crianças de nove e doze anos, o trabalhador deixou esposa, colegas de trabalho e amigos. Neste domingo (19) haverá missa presencial e online, a qual está sendo divulgadas nas redes sociais da família. 

A tragédia torna-se ainda mais triste, já que Diego entregava lanches preparados pela mãe. Aumentar a renda foi a alternativa que a família havia encontrado para um período de desemprego e de pandemia. 

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