As polícias federais do Paraguai e do Brasil fizeram um grande esquema de segurança nesta quinta-feira para a extradição de Jarvis Chimenes Pavão, 49 anos, narcotraficante que atua na América do Sul. Natural de Ponta Porã (MS), ele estava detido na Zona de La Agrupación Especializada, em Assunção, capital do Paraguai, mas chegou ao país vizinho em 2009 para cumprir pena de tráfico de drogas. Aqui no Brasil, ele tem uma condenação de 17 anos e oito meses por tráfico, lavagem de dinheiro e associação criminosa em Balneário Camboriú, no Litoral de Santa Catarina.
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A expectativa inicial dos advogados dele e da imprensa paraguaia é que o narcotraficante viesse para o Estado, mas isso foi descartado durante a manhã pelo Ministério da Justiça. Apesar de o órgão não revelar o local para onde ele será levado, a reportagem apurou que Pavão ficará preso em uma penitenciária federal da região Norte do país. Lá ele deve iniciar o cumprimento da pena imposta em SC. As autoridades o consideram um preso de alta periculosidade, por isso há o regime diferenciado de segurança. Na metade da manhã o avião da Polícia Federal que o trazia pousou em Brasília.
O avião saiu do Paraguai perto das 6h da manhã. A primeira parte da transferência, entre a unidade policial e a base aérea local havia sido feita por um helicóptero. Durante a madrugada, a região onde o narcotraficante estava sofreu um apagão, segundo o jornal ABC Color. Um transformador explodiu nas proximidades, mas a causa ainda não foi identificada pela polícia.
O secretário-adjunto de Justiça e Cidadania do Estado, Leandro Soares Lima, disse que acompanha o trâmite da extradição há pelo menos dois meses. Até o começo da manhã ele não havia recebido qualquer comunicado sobre uma possível transferência para unidades prisionais catarinenses. Caso isso fosse confirmado, o Estado pediria que ele fosse levado para uma unidade federal, como deve ocorrer.
O narcotraficante tem outros dois processos em andamento, anteriores ao de Balneário Camboriú, em Caxias do Sul (RS). Ambos, no entanto, ainda não têm condenação.
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Tráfico em Santa Catarina
Reportagem do DC de 2010, quando ele foi preso pela última vez no Paraguai, mostra que Pavão mudou-se para Santa Catarinanos anos 1990. Instalou-se em Balneário Camboriú, onde atuaria no comércio de veículos e no tráfico. Foi quando as polícias Civil e Federal passaram a suspeitar do seu envolvimento com atividades ilícitas e a ligação com o crime organizado do Paraguai. Em 1994, chegou a ser preso em Balneário Camboriú com 25 quilos de cocaína. Depois ele ganhou a liberdade. A investigação da Polícia Federal apontou que o traficante seria responsável por 80% do comércio de drogas em Balneário Camboriú e Itajaí. De 1994 a 2000, policiais federais reuniram provas do envolvimento de Pavão com o tráfico de drogas e crimes de lavagem de dinheiro.
Com a prisão preventiva decretada pela Justiça catarinense, Pavão atuava fortemente no tráfico dentro do Estado, segundo policiais. Mas ele fugiu pela mesma rota de onde mandava vir a droga: o Paraguai. A polícia descobriu que Pavão criou uma empresa de importação e exportação de cervejas. Porém, a operação seria fachada para o tráfico. Em Pedro Juan Caballero, suspeitou-se que fez parceria com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no esquema de troca de armas por cocaína.
Em julho do ano passado, autoridades locais descobriram uma estrutura luxuosa montada pelo narcotraficante no Penitenciária de Tacumbú, em Assunção. Dentro das delas havia três suítes com televisão, DVD e camas, além de uma decoração que nada lembrava uma unidade prisional. A ministra da Justiça à época foi demitida por conta do episódio.
Pavão também é suspeito de ordenar a morte de Jorge Rafaat, um dos traficantes que cometia crimes na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, em junho de 2016. Ele foi executado a tiros de armas de grosso calibre em um ataque em Ponta Porã. A suspeita da polícia é que Pavão seja integrante de uma facção criminosa paulista.
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