A cúpula do G20 de domingo e segunda-feira na Turquia será a oportunidade para líderes mundiais tentarem aproximar posições sobre a guerra na Síria, a migração e o clima.

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Com uma agenda desta vez mais política do que econômica, os dirigentes dos países mais ricos do planeta se reunirão na cidade mediterrânea de Antalya, sudoeste da Turquia, sujeita a estritas medidas de segurança e vigiada por 12 mil policiais.

Mas os dois principais protagonistas do encontro, os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, divididos sobre como por fim à guerra na Síria, não têm previsto reunir-se em caráter oficial, segundo fontes dos dois governos.

Provavelmente, terão um encontro informal, assegurou em Washington a conselheira de segurança nacional de Obama, Susan Rice. “Terão uma ampla oportunidade de discutir diretamente”, enfatizou.

Travado a apenas 600 km de Antalya, o conflito sírio deixou mais de 250 mil mortos em mais de quatro anos e provocado milhões de refugiados.

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Mas as divergências principalmente sobre a saída do poder do presidente Bashar al Assad, pedida pelos países ocidentais e árabes, ao contrário do que defendem Rússia e Irã, impedem avançar na via diplomática.

“A Síria é um país soberano e Bashar al Assad, um presidente eleito pelo povo. Sendo assim, temos nosso direito de falar com ele sobre este assunto? Certamente não”, disse Putin em uma entrevista.

Obama tem previsto reunir-se com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, seu primeiro encontro desde outubro de 2014, enquanto Putin fará o mesmo com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro David Cameron.

No terreno, a entrada em cena de Moscou, há um mês e meio, para apoiar militarmente o regime de Damasco complicou a situação no país, onde uma coalizão chefiada pelos Estados Unidos bombardeia os jihadistas do Estado Islâmico.

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Um avanço “muito improvável”

Os líderes do G20 “vão querer se despedir com uma mensagem positiva, uma convergência sobre a estratégia que se deve seguir” na Síria, assegura o analista Ozgur Unluhihisarcikli, do German Marshall Fund, dos Estados Unidos. Mas, “um verdadeiro avanço é muito improvável”.

Triunfante após recuperar a maioria absoluta no Parlamento nas eleições deste mês, Erdogan espera, sobretudo, avançar sobre a crise migratória e pede aos europeus uma ajuda financeira para enfrentá-la.

“Sua economia é mais sólida que a da Turquia. Por que fecham as portas (aos migrantes)?”, questionou Erdogan em entrevista na quinta-feira à CNN. “Esperamos mais apoio dos nossos aliados”, acrescentou.

Chegaram à Turquia 2,2 milhões de refugiados sírios e a UE quer convencer Ancara a acolhê-los para conter a onda de migrantes que tenta alcançar seu território.

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Os debates entre as duas partes se anunciam tensos, dias depois de um informe europeu denunciar “graves retrocessos” do Estado de direito na Turquia.

Em qualquer caso, uma menção sobre a migração no comunicado final “será difícil de vender para muitos países, que consideram que o G20 não é o local adequado”, advertiram fontes europeias.

Um sinal ‘forte’ para a COP21

Duas semanas antes da conferência internacional sobre o clima de Paris, a COP21, a cúpula do G20 deverá “enviar um sinal forte” sobre a necessidade de se chegar a um acordo contra as mudanças climáticas, segundo fontes alemãs.

Mas o secretário de Estado americano, John Kerry, rebaixou nesta quinta-feira as expectativas, assegurando que na cúpula não haverá “objetivos de redução (de gases de efeito estufa) juridicamente vinculantes”.

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“Não haverá acordo se não for vinculante”, reagiu o presidente francês, François Hollande, anfitrião do encontro celebrado entre 30 de novembro e 11 de dezembro.

Ausência de Kirchner

A pauta econômica será marcada pela desaceleração do crescimento chinês, que inquieta os mercados e os países emergentes.

O Brasil, em recessão, pedirá aos países industrializados que não aumentem os subsídios agrícolas diante da queda dos preços das matérias-primas, pois isto poderia prejudicar ainda mais as nações em desenvolvimento.

Rússia e Argentina, que também dependem fortemente da exportação de matérias-primas, apoiam esta proposta, disse o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Brasil, embaixador Carlos Bicalho Cozendey.

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A presidente Dilma e o colega mexicano, Enrique Peña Nieto, participarão da cúpula.

Já a argentina Cristina Kirchner permanecerá em seu país, em plena campanha para o segundo turno nas presidenciais de 22 de novembro entre o governista Daniel Scioli e o opositor de direita Mauricio Macri.

A cúpula do G20 servirá, ainda, para validar um plano de ação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) contra a evasão fiscal das multinacionais.

* AFP