No ano passado, Daniele da Silva, 23 anos, deixou o cargo de auxiliar administrativo e fez um mochilão pelo Brasil. Há duas semanas, voltou para Jaraguá do Sul, logo depois do aumento no valor da tarifa de ônibus. O contraste entre as cidades por onde passou foi grande ao recordar a realidade da cidade natal. A falta de integração tarifária é um dos principais problemas apontados por ela, assim como por outros usuários.

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– Em outras cidades, com uma passagem, você anda pela cidade inteira. Aqui, além de não ter integração, há ônibus muito precários, principalmente na zona rural – critica a jovem.

De segunda a sexta-feira, o chef de cozinha Paulo Schmoeller sai do bairro Três Rios do Norte e vai para o bairro Barra do Rio Cerro, para trabalhar.

O trajeto chega a levar uma hora e meia, com baldeação pelo terminal para troca de ônibus. As passagens de Paulo são subsidiadas pela empresa e ele tem o cartão de vale-transporte, que garante integração entre linhas no mesmo anel viário. No entanto, como demora para passar de uma linha a outra, ele muitas vezes perde o direito à integração tarifária e precisa pagar mais uma passagem do próprio bolso.

— A empresa deposita R$ 250 (valor referente a 2018), mas como não dá tempo de pegar o segundo ônibus no prazo, gasto R$ 10 por dia — conta ele.

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Paulo também reclama do estado dos veículos, dos atrasos e do tratamento dos motoristas — ele já presenciou alguns passando direto em pontos de ônibus de bairros mais afastados do Centro à noite, sem parar para as pessoas que estavam esperando. O vendedor externo Julian Noronha da Silva, 26 anos, também reclama do atendimento nos bairros periféricos. Ele mora na rua Águas Claras, no bairro Ilha da Figueira, e trabalha aos sábados. Lá, no entanto, só há três horários de ônibus no sábado e nenhum no domingo no ponto mais perto de casa, onde passa a linha 72.

– Como não tenho vale-transporte, pago a passagem embarcada, que é de R$ 5. Quando preciso ir a algum lugar com a minha esposa onde é necessário usar dois ônibus, chegamos a gastar

R$ 40 na ida e na volta. Prefiro usar o Uber, que tem ar-condicionado e me deixa no destino – avalia Julian.

Depois do reajuste, a passagem antecipada na cidade passou a custar R$ 4,60 e, na hora do embarque, R$ 5. O secretário de Planejamento e Urbanismo de Jaraguá do Sul, Eduardo Bertoldi, explica que a queda da demanda é o principal fator para a tarifa ser tão alta. Além disso, a quantidade de caminhos diferentes – são 23 linhas e 563 itinerários – também impacta no preço.

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Para que a passagem possa diminuir, a prefeitura de Jaraguá do Sul está preparando um projeto de lei que deve ser enviado até o fim de janeiro para votação na Câmara. A proposta é que a concessionária responsável pelo transporte coletivo seja isenta do ISS (Imposto Sobre Serviços), o que garante diminuição de R$ 0,15 no preço da passagem. Para a empresa, isto significará uma economia de até R$ 90 mil por mês.

– Quando houve a solicitação de reajuste da tarifa no fim de 2018, a empresa pediu R$ 5,44, e chegamos ao consenso de R$ 5 visando esta possibilidade – diz o diretor.