Falta pouco. Quase quatro anos após as primeiras estacas serem batidas, a obra do elevado do Rio Tavares, em Florianópolis, entra na reta final. Com o asfaltamento, iluminação e a retirada das madeiras que contornam o esqueleto de concreto, mas ainda sem a calçada e acabamentos, a expectativa da Prefeitura é inaugurar a estrutura às 6h do dia 23 de março, um sábado, aniversário da cidade.

Continua depois da publicidade

O elevado tem o objetivo de servir para diluição do maior gargalo de trânsito do Sul da Ilha. A estrutura terá 220 metros de extensão e fará a ligação entre a SC-405 e a rodovia Dr. Antônio Luiz Moura Gonzaga, que une o Rio Tavares e o Campeche à Lagoa da Conceição. A obra, cujo valor inicial era de R$ 14,9 milhões, teve dois aditivos de valor e saltou para R$ 16,3 milhões. Outros R$ 15,4 milhões foram empregados na desapropriação de terrenos de 33 famílias.

Secretário de Infraestrutura de Florianópolis, Valter Gallina, garante que o elevado será entregue no prazo – depois de sucessivos adiamentos. Ele ressalta tratar-se de uma “obra estruturante”, que trará benefícios à mobilidade urbana da região, bem como desatará um dos nós do trânsito em meio ao caminho de algumas da principais atrações turísticas da Capital.

Gallina revela que passam pelo trecho da rodovia uma média de 55 mil veículos por dia. A celeridade da obra, diz, começou há sete meses. Hoje, o asfaltamento atinge 75% da pista do elevado, e Gallina espera que em dois dias essa etapa seja concluída.

— A usina do asfalto também fica perto, ali na Pedrita, a três quilômetros da obra. Então, apesar do prazo apertado e da possibilidade de chuva, nos planejamos e vamos conseguir entregar o elevado na data esperada — aposta Gallina.

Continua depois da publicidade

Questionado se o elevado, sozinho, será capaz de transformar o trânsito da região, Gallina avalia que haverá melhorias efetivas. Pondera, porém, que a partir de outubro, caso seja concluído o novo acesso ao aeroporto de Florianópolis – obra do governo do Estado -, “a mobilidade urbana na região vai melhorar 100%”, especialmente no verão – quando a quantidade de veículos duplica no trecho, saltando para uma média de 100 mil carros por dia.

O tenente coronel Mauro Rezende, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e que atuava no posto da corporação na SC-405, estima que de 2015 para cá a rodovia experimentou um acréscimo no tráfego diário de aproximadamente 10 mil novos veículos.

Entre motoristas, há quem acredite em melhora no trânsito e outros, não

Quando a principal obra de mobilidade urbana em andamento em Florianópolis, o elevado do Rio Tavares, começou a sair do papel, em maio de 2015, a região da cidade que a intervenção contemplará era diferente. O sul da Ilha, em especial os bairros Campeche e Rio Tavares, não dispunha de empreendimentos como um shopping ao ar livre e dezenas de grandes condomínios e construções que surgiram desde então em uma das regiões mais valorizadas da Capital.

Agora, com a obra prestes a ser entregue, fica a pergunta, ela sozinha conseguirá melhorar o trânsito na região? Para pessoas que circulam diariamente pela região, as respostas divergem.

Continua depois da publicidade

O motorista Élio Maciel, de 60 anos, aposta que o trânsito na região “vai fluir”, embora reconheça a necessidade “de muitas outras melhorias”. Uma delas, observa, seria a construção de uma quarta pista no trecho da rodovia onde hoje as faixas são reversíveis. Apesar disso, Maciel é um entusiasta da obra, pois alega “que pelo menos ela foi feita”.

— Tem gente que reclama se não faz, mas também reclama quando fazem. Aí fica difícil — pondera.

Já o autônomo Adriano Hélio Aguiar, de 32 anos, é descrente do elevado como a solução para os problemas que enfrenta diariamente para chegar ao Centro da Capital – leva em média uma hora, todos os dias da semana.

— Até acho que para passar ali em cima (do elevado) vai ser mais rápido, mas quando chegar nas faixas reversíveis vai afunilar.

Policial elogia entrega do elevado, mas diz que outra obra é necessária

O policial militar rodoviário Mauro Rezende afirma que a conclusão do elevado será benéfica para o trânsito da região, pois desafogará o fluxo de veículos que hoje em dia se encontra no entroncamento, onde o trânsito para e causa filas quilométricas.

Continua depois da publicidade

A saída para melhorar o tráfego entre o Sul da Ilha e o Centro, diz, passa ainda pela conclusão de outra obra na região, o novo acesso ao aeroporto, a partir do bairro Campeche na altura do trevo da Tapera, e prevista para ser entregue em outubro.

— A obra (elevado do Rio Tavares) vai ajudar bastante, mas resolver o problema do trânsito, não vai, porque tem aquela pista reversível logo depois do elevado, e ali vai continuar sem a quarta pista. Mas quando eles terminarem o novo acesso ao aeroporto, com as duas construções prontas, vai dar uma melhorada muito boa no trânsito ali — aponta Rezende.

Histórico da obra

A obra do Elevado do Rio Tavares começou em maio de 2015, na gestão de Cesar Souza Junior (PSD), e tinha previsão de ficar pronta em 18 meses. Não ficou. Nas eleições de 2016, o então candidato Gean Loureiro (MDB) prometeu que entregaria a obra no primeiro ano de sua gestão. Não aconteceu.

– A principal justificativa para a demora na entrega é de que as desapropriações e questões arqueológicas – já que o local era um sambaqui antigamente – foram mais complicadas do que se imaginava. Em agosto do ano passado, durante escavações no local, foi encontrado um esqueleto humano pré-histórico ao lado do pilar 1, o último dos 12 pilares do elevado.

Continua depois da publicidade

Foi depois desse episódio, que a cara da obra começou a se transformar. A partir do verão, com os trabalhos ocorrendo também à noite, a construção foi ganhando forma. Na quinta-feira (14), quando a reportagem esteve no local, o ritmo acelerado do serviço e quantidade de trabalhadores, mostrava que a contagem regressiva para a abertura do elevado está em curso.

Valores da obra:

Inicial: R$ 14.934.579,05

Final: R$ 16.311.262,29