Os ex-atacantes Pelé e Ronaldo, o atleta paralímpico Daniel Dias, o skatista Bob Burnquist e a Seleção Brasileira. Estes eram os brasileiros que já haviam conquistado o prêmio Laureus do Esporte Mundial, criado em 1999. A partir desta terça-feira, eles ganharam a companhia da Chapecoense.

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Um time que conquistou o coração do mundo e venceu a votação popular do “Momento Esportivo do Ano”, relativo a 2017, superando outros cinco concorrentes. Entre eles o da torcida que acenou para crianças num hospital, o menino que viu seu ídolo perder a corrida mas conseguiu conhecê-lo, entre outros.

– A gente viu lá várias histórias emocionantes. Acho que conquistar isso foi muito importante, depois de tudo que passou e vamos passar, pois vai demorar para superar, se é que vamos superar. O que aconteceu foi uma tragédia que não tem comparação. (O troféu) É bom para o clube e para as próprias famílias. É o reconhecimento de todo o mundo para um clube em que infelizmente muitos se foram e que conseguiu dar a volta por cima – afirmou o goleiro Nivaldo, que por pouco não foi na viagem que vitimou 71 pessoas no acidente aéreo próximo de Medellín, no dia 29 de novembro de 2016.

Um dos seis sobreviventes, o ex-goleiro Jackson Follmann, que perdeu uma perna no acidente, foi receber o troféu em Mônaco como representante da Chape. Outro sobrevivente, o lateral Alan Ruschel, que conseguiu voltar a jogar profissionalmente, assistiu em Chapecó a conquista, da qual ele também é um dos símbolos.

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– Eu queria agradecer a todos que fizeram parte e fazem ainda da reconstrução e dessa conquista. Estou feliz em poder participar disso tudo, em ter voltado a fazer o que mais amo. Só consegui isso graças a ajuda dos meus familiares, da minha esposa, dos meus amigos, do pessoal do clube que sempre me ajudou. O clube também está de parabéns por tudo o que fez, pela batalha. Não é fácil se reconstruir depois de uma tragédia, do que aconteceu. Então só tenho a agradecer a todos. Estou feliz em servir de exemplo bom para as pessoas e que isso possa motivar muita gente ainda – disse Ruschel.

Federer faz selfie com os vencedores do Laureus com a presença de Follmann
Federer faz selfie com os vencedores do Laureus com a presença de Follmann (Foto: Laureus / Reprodução)

Outro que se emocionou com a conquista foi o meia Nenén, que no último domingo se tornou o jogador que mais vestiu a camisa da Chape, com 299 jogos, desde 2009. Ele viveu todos os acessos da Chapecoense, três títulos estaduais, a frustração de não ser relacionado para a final da Sul-Americana, a queda dos avião que levava seus amigos, a reconstrução do time e o reconhecimento internacional.

– Isso representa muito às famílias, ao clube em si, às pessoas que se envolveram, aos funcionários, à diretoria, a todos que passaram por esse drama e hoje veem o reconhecimento e a união. Isso não substitui os que se foram, mas tenta amenizar a dor de cada um, com uma palavra de apoio. Esse prêmio veio da mobilização e o carinho de todos. A gente vê que a vida, o ser humano, o mundo tem jeito por esses gestos de solidariedade. Essa premiação é mais que merecida e é dedicada às famílias e envolvidos – falou Nenén.

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A solidariedade realmente foi a marca dessa conquista da Chapecoense. Na reta final de votação houve uma mobilização na região e também de personalidades, como o atacante Fred, e o ex-treinador Muricy Ramalho.

O vice-presidente administrativo da Chapecoense, Ivan Tozzo, que assumiu interinamente a presidência do clube após a queda do avião, disse que o feito da Chapecoense, renascendo das cinzas para conquistar um título estadual e uma vaga na Libertadores, era algo inimaginável.

– É o reconhecimento do povo brasileiro e do mundo. Eu até me emociono em lembrar de tudo isso, do trabalho para dar a volta por cima, das críticas. Deus nos ajudou também. Nosso povo estava de cabeça baixa e recuperou a autoestima, voltou a sorrir. Claro que ninguém vai esquecer o que aconteceu. Mas hoje a Chapecoense é o segundo time do todo o torcedor. É muito gratificante ter esse reconhecimento de todos – afirmou Tozzo.

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A Chapecoense mostrou que é muito mais que um clube. É uma paixão, uma lenda, uma trajetória alegria, de sonho, de crescimento, de dor e de superação, que conquistou o coração do mundo.

Os premiados

Atleta masculino: Roger Federer (Tênis)

Atleta feminina: Serena Williams (Tênis)

Equipe: Equipe Mercedes (Fórmula 1)

Revelação do ano: Sergio Garcia (Golfe)

Retorno do ano: Roger Federer (Tênis)

Atleta Paralímpico: Marcel Hug (Atletismo)

Atleta de ação: Armel Le Cléac’h (Vela)

Momento Esportivo: Chapecoense

Prêmio especial: Francesco Totti (Futebol)

Prêmio especial: Edwin Moses (Atletismo)