Desde que a inflação rompeu a barreira dos 6% ao ano, em 2011, a escalada de preços assusta. Sustentado principalmente por alimentos, o dragão devora o poder de compra. Levantamento de ZH com dados do Índice de Preços do Centro de Estudos Econômicos da UFRGS (IPC-Iepe), considerando alimentos comuns, mostra que a inflação é mais impiedosa em produtos que vêm direto do campo para a mesa, sem passar por indústrias, como carnes, frutas e legumes.

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– Hortifrutigranjeiros ficam mais expostos a problemas climáticos e pragas, o que pressiona os preços – explica o consultor em agronegócios Carlos Cogo.

Via de regra, quando uma lavoura se recupera de grande perda nem sempre os valores retornam ao nível anterior. O quilo do tomate, por exemplo, subiu 116% do início de 2011 (R$ 2,10) até agosto de 2015 (R$ 4,55). Há dois anos o preço não baixa de R$ 3.

Essa alta é mais do que o dobro da variação do salário mínimo no período, que foi de 44% (mais comparações ao lado). Ou seja, mesmo com correção salarial, a salada e o molho de tomate ficaram mais indigestos.

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No caso da carne, o quilo da alcatra passou de R$ 19,22 para R$ 30,40 – alta superior a 58%. Outros cortes, como a costela, subiram ainda mais – o frango, que inflou menos, pode ser a saída.

– O rebanho está cada vez menor. Neste ano, cairá 10% o número de cabeças abatidas – diz Cogo.

Alimentos industrializados ou submetidos a beneficiamento tiveram variações mais amenas, caso de açúcar, massa, arroz e feijão. Essas são lavouras mais resistentes a intempéries, e cujos preços internacionais se estabilizaram ou caíram em meia década.

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– O ganho de produtividade da indústria pode estar ajudando a segurar os preços de processados. Mas, com a alta do dólar, teremos aumento de custo do trigo e da soja, o que impactará toda cadeia de alimentos – projeta Marcelo Portugal, economista da UFRGS.

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