Quatro grandes obras iniciadas em Joinville estão inacabadas ou parcialmente inutilizadas. Cerca de R$ 73 milhões já saíram dos cofres públicos para a construção do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), às margens da BR-101; pavimentação da Estrada Rio do Morro, que liga a BR-280 à rua Monsenhor Gercino, na zona Sul; no contorno ferroviário, que retira a linha férrea da área urbana de Joinville; e na hidrovia do rio Cachoeira, que viabilizaria o transporte de passageiros entre Joinville e São Francisco pela baía da Babitonga.
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O contorno ferroviário deve ter o processo licitatório realizado no ano que vem e, se tudo der certo, a obra será concluída até 2021. A cada paralisação ou adiamento, perdem-se tempo e dinheiro, os orçamentos são revistos e os valores das obras, muitas vezes, reajustados. Uma longa espera que gera desconfiança, desconforto e prejuízos à população, que perde a chance de utilizar os benefícios prometidos pelas obras.
O que é a obra?
O contorno ferroviário é uma obra que pretende tirar a passagem do trem da área urbana de Joinville, criando uma novo traçado. O projeto prevê que a nova linha férrea seja dividida em três subtrechos ao longo de 17,9 quilômetros de extensão: o primeiro saindo das proximidades da Estrada Poço Grande com a BR-280, em Guaramirim; o segundo, em Joinville; e o terceiro, entre Joinville e Guaramirim. No último trecho, a ferrovia faz ligação com a atual linha férrea, nas imediações do rio Parati, entre Araquari e São Francisco do Sul.
Em todo o percurso está prevista a construção de quatro viadutos (um sobre a BR-101, outro sobre a SC-301, um terceiro sobre a rua Santa Catarina e o último sobre a Estrada Rio do Morro). Também deve ser construída uma ponte sobre o rio Piraí, entre Guaramirim e Joinville. Há ainda a projeção de se construir uma galeria próximo à rua Ademar Bertili, no bairro Itinga, em Araquari, e o novo pátio ferroviário de Joinville. Ele compreende dois quilômetros de extensão e ficará localizada na área rural, nas proximidades da BR-101. Além disso, estão previstos cruzamentos com e sem cancela – vai depender da demanda – ao longo do perímetro urbano de passagem do trem.
Quem é responsável pela obra?
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
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Qual é o valor estimado para a obra?
O DNIT ainda não finalizou o projeto de revisão do contorno para elaborar o novo orçamento, mas o órgão trabalha com a estimativa de que o custo total seja de R$ 250 milhões.
Quais são os cronogramas anunciados?
O projeto executivo foi finalizado em 2006 e o início da construção do contorno ferroviário ocorreu em maio de 2009, com prazo de entrega de três anos. No entanto, a obra foi paralisada em junho de 2011. Em maio de 2016, os contratos anteriores foram rescindidos e, em agosto do mesmo ano, uma nova licitação foi concluída. Agora, o DNIT aguarda a revisão do projeto executivo.

O que foi feito até agora? Há algo que não poderá mais ser aproveitado?
Foram realizadas obras de terraplenagem e drenagem no trecho próximo à interseção com a BR-101 (perto da Curva do Arroz). Segundo o DNIT, tudo o que foi feito será reaproveitado, com o novo projeto dando continuidade ao que foi iniciado.
Que valor foi investido até agora?
Foram investidos R$ 14.594.142,92 na obra até junho de 2011, quando foi paralisada.
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Por que está parada?
Devido a problemas durante a execução da solução indicada no projeto executivo no trecho da bacia do rio Piraí (região de solo mole). Houve problemas com a estabilização do solo na área de cerca de seis quilômetros, e o projeto precisou ser alterado. Com isso, as obras pararam em 2011.
O que se espera para o futuro? Há novos prazos de conclusão? Ainda há recursos garantidos?
A revisão do projeto foi contratada em dezembro de 2016 e o DNIT aguarda a conclusão e aprovação do processo para março do próximo ano. A assessoria do DNIT informou que, após o projeto ser finalizado, haverá condições técnicas para se iniciar o processo licitatório. Para isso, será necessário que o empreendimento seja incluso na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018, para que haja recursos suficientes para possibilitar toda a obra. A expectativa do DNIT é de que, se o cronograma foi seguido, a obra fique pronta apenas em 2021.
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