Imagine uma cerveja feita com pão de centeio, outra produzida com 40% de mosto de uva, e uma terceira colocada em um barril a 14 metros de profundidade no mar em volta de uma ilha em Angra dos Reis (RJ). Por mais que pareça loucura (e talvez até seja) esses são alguns dos métodos de produção de cervejas bem alternativas que estarão à disposição dos visitantes que passarem pelo Festival Brasileiro da Cerveja neste ano, nos setores 1 e 2 do Parque Vila Germânica.
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Esse fenômeno – de buscar experiências ainda mais diferentes para o consumidor – é recente no Brasil, mas já toma conta das cervejarias dos Estados Unidos. Isso porque o público que passou das cervejas comerciais para as artesanais há pouco mais de uma década agora quer coisas diferentes. Na avaliação de Samuel Cavalcanti, idealizador da paranaense Bodebrown, as pessoas almejam “uma viagem sensorial”. Nem mais ou menos álcool, mais ou menos lúpulo, e sim apostar na sensação que as pessoas podem ter a partir da degustação.
Esse é um dos motivos pelos quais a cervejaria de Cavalcanti vai apostar em uma cerveja chamada brutt sour blanc para o festival deste ano. Produzida com 40% de mosto de uva branca moscatel e 60% de mosto de witbier, ela é uma das meninas dos olhos da empresa para essa edição. A cerveja ainda passa por acidificação por dois dias com lactobacilos antes de ser colocada para fermentar com levedura belga, a tornando levemente híbrida e com característica de sour – ou seja, ácida. Na avaliação de Cavalcanti, essas receitas que são fruto da criatividade dos cervejeiros vão ganhar cada vez mais espaço e crescerão, tal como o gráfico ascendente das artesanais no Brasil.
– Você vai ao salão do automóvel e vê vários veículos, tipos diferentes, com performances diferentes, que agradam públicos diferentes. É isso com a cerveja também. O público quer uma experiência que é provocada através de novos produtos, novas ideias – afirma Cavalcanti.
Também do Paraná vem uma ideia da Ogre Beer que transforma a cerveja em um híbrido com kvass – bebida tradicional na Rússia e Ucrânia. A cervejaria fez um estilo com baixo teor alcoólico (4%) e que leva pão de centeio na produção.
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– A gente junta a sede com a vontade de beber. O mercado pede isso (cervejas alternativas), pede coisas diferentes. O público do festival é sedento por novidades, as pessoas nos pedem isso “duzentas” vezes por dia, já que ficaram muitos anos tomando a mesma coisa. Agora abriu a porteira e querem aproveitar tudo – brinca Carlos Manuel, um dos sócios da cevrejaria.
Cerveja mergulhada
A carioca Mistura Clássica resolveu explorar o fundo do mar para criar uma imperial stout cuja maturação ocorre a 14 metros de profundidade, no entorno de uma ilha na cidade de Angra dos Reis (RJ). A cerveja terá framboesa, fermento selvagem, e será servida no mesmo barril de carvalho americano onde ficou por oito meses. Com pressão atmosférica maior, temperatura mais baixa e muita umidade, o mestre cervejeiro Marcos Guerra disse ter ficado satisfeito com o resultado.
– Algumas pessoas que tomaram sem saber relataram que sentiram um leve salgado e alguns chegaram a comentar que sentiram uma leve maresia, um aroma diferenciado, o que a gente acredita que pode ter vindo do mar. As cervejarias artesanais que vão sobreviver são essas que trazem inovações, trabalham com a natureza e fogem do convencional – comemora Guerra.
Outro estilo que se consolida e promete ser protagonista no festival deste ano é a Catharina Sour, que terá rótulos nos estandes com as mais exóticas frutas brasileiras. No total, o visitante que for à Vila Germânica durante o Festival Brasileiro da Cerveja terá à disposição mais de 800 rótulos, de 116 cervejarias no evento que se estende até sábado. Nesta quarta-feira os ingressos custam R$ 12. Amanhã, R$ 30 e no último dia, R$ 36.
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