Foi confirmada nesta terça-feira a primeira morte de um catarinense por febre amarela. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) informou que a vítima, uma moradora de Gaspar de 57 anos, morreu na quarta-feira passada. Como ela tinha viajado recentemente para Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, o caso é considerado importado – não contraído em Santa Catarina.

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A paciente, que estava no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, não tinha tomado a vacina contra a doença. O diagnóstico laboratorial foi confirmado pela Fundação Oswaldo Cruz do Paraná (Fiocruz/PR), que é o laboratório de referência para o Estado catarinense.

Nos últimos 10 anos foram investigados 204 casos suspeitos em Santa Catarina, porém todos foram descartados. Mas nos primeiros 23 dias de 2018, além da morte confirmada, mais cinco suspeitas e uma morte, em Lajeado Grande, seguem em investigação. Todos os pacientes teriam contraído febre amarela em áreas fora de SC e com transmissão do vírus. O último caso contraído em no Estado foi registrado em 1966, na região Oeste.

— Desde 66, a gente pode considerar que esse foi o primeiro registro de caso importado de febre amarela silvestre em residente de SC — confirma o diretor da Dive, Eduardo Macário.

Ele cita que a orientação para tomar a vacina seguem as mesmas, mas que o principal foco neste momento é em relação ao viajante. Quem for viajar em área de recomendação deve tomar a vacina, pelo menos 10 dias antes de embarcar:

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– As pessoas de outras regiões, que não vão se deslocar, por exemplo, quem mora em Florianópolis, Criciúma, Blumenau e Joinville, neste momento não precisam se vacinar – diz Macário.

O diretor reforça que ainda não há evidências de que o vírus esteja em circulação pelo Estado. Neste ano, oito macacos foram identificados com sintomas da doença, mas a coleta foi feita em quatro deles e ainda aguarda investigação. Por viverem no mesmo ambiente que os mosquitos transmissores em área silvestre, os animais são os primeiros a adoecer alertando para uma possível circulação do vírus.

O superintendente em Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Fábio Gaudenzi, reforça que SC, desde 2015, tem se preparado e montado equipes para fazer a vigilância da enfermidade nos animais. Além disso, defende que o aumento de casos notificados é esperado diante da expansão da doença em outras regiões.

El explica que para ter um caso suspeito é feita uma análise clínica do paciente, com verificação dos sintomas, além de checar se a pessoa passou por áreas de circulação do vírus. Então, com esse diagnóstico inicial, a amostra segue para exame laboratorial.

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Aumenta procura por vacina em SC

A paulistana Sueli Catelani, 58 anos, veio trabalhar por dois meses em Florianópolis, mas às vésperas de voltar para casa tinha uma missão importante: tomar a vacina contra a febre amarela. Aproveitou a tarde desta terça-feira para ir ao posto na Trindade, em Florianópolis. Depois de esperar alguns minutos, recebeu a dose e agora pode viajar tranquila:

— Nesse tempo que fiquei aqui, aconteceu o surto lá. Já garanti e vim me vacinar antes de voltar.

Sueli não está sozinha. Só em Florianópolis, foram mais de 5,4 mil pessoas imunizadas, um aumento de 478% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram vacinadas 942 pessoas. Segundo a Diretoria de Vigilância em Saúde, a estimativa é de que 20% das doses foram aplicadas em turistas que visitam a Capital neste período. Diante da alta da demanda, a Diretoria está em contato com a secretaria estadual para que aumentem a remessa de 3 mil doses mensais. Em Blumenau, que também não é área de recomendação de vacinação, já foram 2.246 doses, um aumento de 6138% em relação ao mesmo período de 2017, quando apenas 36 pessoas foram vacinadas.

Sueli toma vacina em Florianópolis
Sueli toma vacina em Florianópolis (Foto: Leo Munhoz / Diário Catarinense)

As cidades catarinenses ainda não relatam falta de doses, porém Joinville já solicitou duas remessas para a secretaria estadual. Só janeiro deste ano representa 43% da procura pela vacina de todo o ano passado na cidade do Norte de SC. Em Chapecó, que é área de recomendação de vacina, a procura é tímida. Segundo a prefeitura, o que aumentou foi a busca por orientações e verificação da caderneta para conferir se a pessoa está imunizada ou não.

Segundo a secretaria de Saúde de SC não há risco de falta de vacinas no Estado, pelo menos por enquanto. A Dive informa que no ano passado eram enviadas, pelo Ministério da Saúde, 60 mil doses, agora são 90 mil por mês. O Estado tem em estoque atualmente quase 95 mil doses, fora a reserva dos municípios.

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Quem deve se vacinar em SC

Em Santa Catarina, devem se imunizar os moradores e quem irá viajar para um dos 162 municípios que fazem parte da área com recomendação de vacina. Confira aqui.

Também aqueles que irão viajar para cidades em outros Estados, principalmente os que estão com transmissão ativa da doença (municípios de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia) e países que também têm a recomendação. É importante tomar a vacina pelo menos 10 dias antes da viagem.

Crianças de 9 meses, nascidas a partir de 2017, de qualquer cidade de SC

Para saber horários e salas de vacinação, entre em contato com a secretaria de Saúde do município

DOSES APLICADAS EM SC

Florianópolis

Em 2018*: 5 mil (430%)

Mesmo período de 2017: 942

Em 2017: 13 mil

Criciúma

Em 2018*: não tem o dado

Janeiro de 2017: 647 vacinas

Em 2017: 3.406

Blumenau

Em 2018*: 2.246 (aumento de 6138%)

Mesmo período de 2017: 36

Em 2017: 7.482

Lages

Em 2018*: 1.367

Em 2017: 10.434

Joinville

Em 2018*: 3.849 (aumento de 138%)

Janeiro de 2017: 1.615

Em 2017: 8.825

*Até 23 de janeiro