Quanto se trata de Santa Catarina, as planilhas sobre os deputados federais que são favoráveis ou contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) marcam o mesmo placar, seja no palácio do Planalto ou no do Jaburu: 14 a 2 pelo afastamento da petista.

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Além dos votos no domingo decisivo, os parlamentares catarinenses tão são peças das estratégias que podem levar à consumação do impeachment ou salvar o mandato de Dilma.

Moacir Pereira: Amin está por trás da decisão do PP de desembarcar

Na noite de terça-feira, a bancada federal do PP decidiu por 38 votos a 7 apoiar a abertura do processo de impeachment. Era a conclusão de uma articulação de pepistas que fazem oposição ao governo federal que vinha se desenrolando desde sábado e que contou com forte participação de Esperidião Amin (PP-SC).

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O estopim foi a decisão do diretório paranaense da legenda de fechar questão contra o governo petista. Assim que soube, ainda no sábado, Amin entrou em contato com os pepistas do Estado vizinho e começou a disparar telefonemas para outros diretórios em busca de uma atuação conjunta.

— Até Minas Gerais eu fui (por telefone). Juntando Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, éramos 20 deputados — relembra Amin.

Juntaram-se às quatro primeiras bancadas estaduais, as do Espírito Santo, Roraima, Acre e Distrito Federal. Com cerca de 30 parlamentares, estava consolidada a maioria e a derrotada da cúpula do partido, que ainda negociava ampliação de espaço no governo federal em troca de votos contra o impeachment. Ao ficar claro que não haveria o que entregar, o líder Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), antes pró-Dilma, convocou a reunião em que foi definido o desembarque.

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No PMDB de Santa Catarina, a articulação foi anterior. Em 14 de março, o diretório estadual anunciou que entregaria os cargos federais que ocupava, antecipando-se em duas semanas à decisão semelhante tomada pela cúpula nacional. O gesto liderado pelo presidente estadual e deputado federal Mauro Mariani foi encarado um dos primeiros gestos na base peemedebista em direção ao impeachment. Único catarinense na comissão especial que aprovou o pedido de afastamento, Mariani avalia que agora é momento de aguardar a votação em plenário.

— Acredito que quem ainda não se posicionou vai se definir até sexta-feira e que teremos ampla maioria pelo impeachment — diz o deputado.

Enquanto alguns parlamentares se movimentam pelo impeachment, o petista catarinense Décio Lima trabalha no sentido inverso. Ele faz parte do grupo que articula pela manutenção do mandato da presidente Dilma. Direto em Brasília nas últimas quatro semanas, Décio trabalha para convencer deputados dos partidos que integram formalmente a base aliada a votarem contra o impeachment ou a se ausentarem.

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O petista admite que as cúpulas perderam o controle das bancadas partidárias e que as conversas agora são regionais ou individuais. Lamenta a posição dos catarinenses, embora ainda sonhe em reverter alguns votos. Por enquanto, apenas ele e o também petista Pedro Uczai estão contra o afastamento da presidente.

— Não estão na nossa planilha, mas estão no meu sonho o Celso Maldaner (PMDB), o Jorge Boeira (PP) e o Cesar Souza (PSD). Respeito a bancada catarinense, mas eles estão se colocando ao lado do Eduardo Cunha (PMDB-RJ, presidente da Câmara) e dos bandidos que conduzem esse processo _ afirma.