Terminou frustrada a segunda tentativa de venda da Tecnofibras, a única empresa do Grupo Busscar em atividade. Apenas dois proponentes deram lances no leilão ocorrido na tarde desta quarta-feira, no Fórum de Joinville.
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A primeira oferta foi de R$ 8 milhões e a última de R$ 10 milhões, valor considerado irrisório pelo juiz da 5ª Vara Cível de Joinville, Luís Felipe Canever. A empresa foi avaliada em aproximadamente R$ 74 milhões. Ainda não há data para o novo leilão.
– Seria ilegal e desrespeitoso aos direitos dos credores permitir a alienação dos bens de forma tão depreciada, não há como aceitar valor tão baixo – afirmou o juiz.
Segundo Canever, tem sido considerado “valor vil” aquele abaixo de 50% da avaliação e a proposta mais alta do leilão não chegou a 15% do valor de mercado.
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A conjuntura econômica, e não a falta de atratividade da empresa, foi considerada pelos presentes como a principal causa da dificuldade de venda da companhia. Para Canever, a Tecnofibras é economicamente viável.
A expectativa é de que a Justiça aguarde um momento mais favorável da economia para colocá-la novamente à venda.
Poucos investidores se habilitaram previamente a dar lances durante o leilão e todos representavam o mercado nacional. Os nomes não foram divulgados pela Justiça. Mas a proposta mais alta veio do mesmo proponente que iniciou os lances com R$ 8 milhões – e que arrancou manifestações de protesto na plateia.
Ao final, o profissional afirmou que representava um investidor do setor automotivo. Ele alegou que o mercado em baixa, a necessidade de realizar investimentos na operação e o real valor de mercado da Tecnofibras justificavam a oferta. Teria havido uma “superavaliação” do empreendimento, afirmou.
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No Tribunal de Júri circulava a informação de que este proponente representava um grupo do Rio Grande do Sul que teria uma unidade de soluções em plástico com atividade parecida com a da Tecnofibras. Portanto, a empresa joinvilense poderia agregar valor ao negócio do grupo.
Sobre o pedido deste proponente para que houvesse uma reavaliação do valor da empresa, o juiz alegou que o procedimento acarretaria custo de “dezenas de milhares de reais”. Conta que seria paga pela Tecnofibras.
Solidez financeira
O diretor-geral da Tecnofibras, Paulo Alberto Zimath, afirmou que não esperava uma oferta tão baixa. Segundo ele, somente os imóveis valem R$ 21 milhões e o maquinário outros R$ 10 milhões.
Nem a torcida de um dos clientes mudou o rumo do leilão. Um representante da John Deere disse, pouco antes da abertura dos trabalhos, que a venda seria uma boa notícia e esperava que o novo dono desse continuidade à produção e ao padrão de qualidade da empresa.
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Sem a venda, Zimath disse que continuará a tocar o negócio com foco na solidez financeira. Isto pode significar, segundo ele, ter que “ajustar o quadro de pessoal a um nível que garanta a geração de resultados”.
Os presidentes dos sindicatos dos trabalhadores na indústria mecânica e do plástico também acompanharam o leilão. Os funcionários da empresa estavam ansiosos com a perspectiva de ampliação do quadro se a venda fosse concretizada.
Já ex-funcionários da Busscar manifestaram preocupação com a possibilidade de venda por um valor insuficiente para honrar os compromissos trabalhistas no processo de falência do grupo Busscar. Quando o juiz rejeitou o valor de R$ 10 milhões, eles agradeceram.
A Tecnofibras tem cerca de 350 funcionários e fabrica carrocerias em plástico reforçado com fibra de vidro para o setor agrícola, caminhões e trens, atendendo a clientes como Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz, Caterpillar e Bombardier. Em 2014, a empresa registrou um faturamento bruto de R$ 58 milhões.
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