A capacidade dos mananciais e do abastecimento de água para a população tem sido tema de debate em diversos países do mundo. Em Joinville, o assunto tem ganhado destaque na Câmara de Vereadores após a criação de uma comissão especial para discutir sobre os recursos hídricos no município.
Continua depois da publicidade
Com os investimentos previstos e o planejamento já realizado, levando em conta a capacidade dos mananciais e o aumento da população nos próximos anos, a previsão é de que os joinvilenses tenham acesso a água tratada sem nenhum problema, pelo menos até 2062.
Segundo a diretora-presidente da Companhia Águas de Joinville, Luana Siewert Pretto, até essa data chegar, novos investimentos e soluções deverão ser discutidos para ampliar a vida útil do abastecimento à população.
— Enquanto isso, a gente já tem que ir pensando nas tecnologias de reúso de água ou talvez em buscar água de outros mananciais. Até 2062, com o que temos em projeto hoje, seria garantido (o fornecimento) — afirma.
Especialista aponta preservação para prolongar vida útil dos mananciais de Joinville
Ampliação prevê atender 80 mil pessoas a mais
Atualmente, o abastecimento é realizado pela Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão e Piraí para 580 mil habitantes. A ETA Cubatão está em obras para ampliar a capacidade de produção para 1.850 litros por segundo – atualmente ela produz acima da capacidade, com 1.550 litros por segundo. Com essa ampliação, prevista para ser concluída em junho do próximo ano, será possível atender 80 mil pessoas a mais.
Continua depois da publicidade
Há também a construção da ETA Piraí Sul, que está em fase final de obtenção de outorga junto ao município. Ela vai produzir mais 700 litros por segundo, aumentando a capacidade de abastecimento para mais 300 mil habitantes. A previsão da Águas de Joinville é de iniciar a construção em 2021 e terminar em 2024.
Aumento na capacidade produtiva
Além disso, a companhia trabalha para reduzir as perdas de água para 25% do que é produzido dentro de dez anos – hoje esse percentual é de 46%. Segundo Luana, se o objetivo for atingido, será possível abastecer mais 200 mil pessoas na cidade.
– Isso significa que temos projeto com reduzir perdas e aumentar a capacidade produtiva para atender a 1,6 milhão de pessoas – diz.
No entanto, o plano diretor de esgoto do município prevê crescimento populacional para 1,5 milhão de habitantes em 2062. Para isso, a Águas de Joinville já tem planejamento para ampliar as estações no futuro. Isso porque o plano diretor de água do município diz que podem ser captados 2.950 litros por segundo na ETA Cubatão – 1,1 mil a mais do que o projeto atual da companhia.
Continua depois da publicidade
Ou seja, caso a empresa decida fazer mais uma ampliação na estação no futuro seria possível atender mais 300 mil habitantes. Com a ampliação da ETA Piraí Sul para tratar 1 mil litros por segundo – 300 litros a mais do que ela deve operar quando for inaugurada – serão atendidos mais 100 mil habitantes. Assim, seria alcançados até 1,6 milhão de pessoas.
Além disso, Luana fala em outras medidas que podem ajudar a estender para além de 2062 a capacidade de abastecimento. Uma delas é reutilizar água das estações de tratamento de efluentes. Segundo a diretora, existem usos, sejam industriais ou de consumo não humano, que podem ser feitos com as águas de reuso das estações.
Assunto volta à pauta na Câmara
A Comissão Especial de Recursos Hídricos, presidida pelo vereador Fábio Dalonso (PSD), foi criada no início de setembro, mas teve a primeira reunião apenas no final do mês passado. O grupo também conta com os parlamentares Natanael Jordão (PSDB – secretário), Adilson Girardi (SD – relator), Ninfo Konig (PSB) e Richard Harrison (MDB).
Dalonso afirma que o objetivo é retomar um debate que tentou levantar há três anos, mas sem grande adesão.
Continua depois da publicidade
– Fiz um seminário com autoridades na época, mas não senti tanta ressonância. Então, fui o proponente dessa comissão e convidei alguns vereadores para participar. O objetivo principal é novamente mostrar à sociedade a preocupação e os riscos que se têm, além de colocar a água como prioridade para as futuras gerações – explica.
Busca por outros mananciais
Dalonso aponta três medidas que acredita serem importantes para a preservação da água e a garantia de uma continuidade do abastecimento no futuro. Um deles é fazer estudos para se buscar outros mananciais para atender à demanda da população que está em crescimento. Outro é a construção urgente de um reservatório, como uma visão estratégica para as próximas décadas.
Estudos realizados pela Águas de Joinville apontaram que não há a necessidade de reservação da água na cidade. No entanto, é o município que define essa necessidade na emissão de outorga à companhia para a captação da água. Por fim, ele defende um cuidado maior com o transporte de cargas perigosas pela Serra Dona Francisca para evitar desastres ambientais que impactem na qualidade da água dos rios.