Com investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, a Nidec Global Appliance, detentora da Embraco, gerou mais de 250 novos empregos em Joinville com a inauguração de uma nova unidade fabril. Com este aumento na produtividade, a empresa passa a produzir cerca de 20 milhões de compressores por ano – número representa 2,5 milhões a mais do que vinha sendo fabricado.
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Emerson Zappone, vice-presidente de operações da Nidec na América Larina, destaca a importância desta aplicação também para a economia joinvilense, já que o novo projeto, segundo ele, contou com fornecedores internos e externos, desenvolveu competências tecnológicas na cidade e gerou novos postos de trabalho.
Apenas na linha de montagem, onde o compressor sai, foram investidos 20% do capital. Deste montante milionário, 50% ficou em Santa Catarina. Vale destacar que Joinville é a maior unidade produtiva de compressores da divisão.
– E essa linha de montagem como um todo foi feita por um fornecedor daqui. O desenvolvimento das competências tecnológicas na indústria vai ser útil para nós, mas pode alavancar outras oportunidades para a cidade. Quando a gente faz pra aplicar aqui, a gente também pode fazer para aplicar nas outras unidades fora. É tecnologia joinvilense sendo desenvolvida e exportada para vários lugares do mundo – sublinha.
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Além da importância econômica, Zappone destaca o processo de aprendizagem dentro da empresa. Ele define a multinacional como uma escola e cita as salas de treinamento existentes dentro da fábrica, que são adaptadas como se fossem a linha de produção em uma versão de teste, onde novos funcionários são treinados antes de assumirem oficialmente suas funções. O conceito é chamado de unidade de treinamento para manufatura.

O vice-presidente de operações afirma que não é tão comum que empresas contem com tanta verticalização, como é o caso da Nidec, e vê este fator como positivo para os que atuam na empresa e buscam crescimento e destaque em outras áreas e setores.
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– É como se estivesse trabalhando num local com várias fábricas, porque cada lugar tem uma tecnologia diferente e isso é muito rico para o aprendizado do operador, um preparador ou supervisor de produção. Esses treinamentos também servem para se identificarem melhor com os tipos de atividade e isso aumenta a assertividade no endereçamento para as áreas. Isso melhorou bastante o nível de adaptação inicial e permanência dos funcionários, além de ajudar na qualidade, porque a pessoa já entra mais capacitada – afirma.
Recém-contratada
Franciele Nunes Alezio, de 31 anos, foi uma das contratadas recentemente para a nova unidade da Nidec e está na empresa há cinco meses. Ela conta que, antes de ser chamada, estava há quase um ano em busca de trabalho, já que tinha ficado desempregada durante a pandemia.
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O esposo, que atua em uma malharia, estava responsável pelo sustento da família com três crianças – uma menina de 10 e dois meninos de 7 e um ano. Franciele conta que não chegou a faltar itens básicos porque a família saiu do aluguel e foi morar na casa de sua sogra, mas a mulher estava em busca de uma recolocação no mercado para dar mais conforto aos filhos.
– Fui ao RH Brasil, preenchi a ficha e me chamaram para trabalhar na nova unidade. Foi maravilhoso. Fiquei muito feliz de conseguir este emprego, ainda mais neste tempo [de pandemia] que estamos. É muito gratificante – relata a trabalhadora.
Franciele trabalha no turno da noite na produção da linha de manufatura, com a pré-montagem de compressores. Anteriormente, ela fazia a tampografia em plásticos e afirma que nunca tinha tido experiência dentro de uma fábrica.
Com treinamentos diários dentro da nova empresa, a perspectiva, daqui para frente, é aprender cada vez mais e buscar novas funções. Para isso, Franciele conta com o apoio do marido, que fica com os filhos enquanto ela sai para trabalhar.
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– Eu tenho aprendido bastante e a minha perspectiva é só crescer, para quem sabe, um dia, me tornar uma supervisora ou ir mais além – deseja.
Entre as máquinas, humanos
Dentro da nova unidade, a tecnologia se faz presente em todos os processos da linha de montagem. O compressor passa por inúmeras máquinas até ficar pronto para ser instalado em um refrigerador.
Neste processo, no entanto, há presença humana em todas as fases de produção. “Temos que monitorar os robôs”, resume Franciele, que, mesmo em tom de brincadeira, se aproxima do que, de fato, define a importância da presença de funcionários dentro de uma empresa.
Emerson Zappone explica que a inteligência artificial é um acumulador de dados importante para processar rapidamente informações, principalmente para identificar um problema técnico e isolar uma peça com problema, por exemplo. Mas, em termos de soluções criativas, para lidar com situações não previstas, o ser humano vai continuar sendo extremamente importante.
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No caso específico da Nidec, explica Zaponne, a montagem e a linha de produção de extrator são os dois processos que mais absorvem mão de obra e a empresa busca soluções atrativas e inteligentes para automatizar algumas áreas, tentando eliminar, principalmente, posições com baixo valor agregado.
– Às vezes a gente ainda precisa trocar uma caixa de lugar, por exemplo, mas é pouco valor agregado até para o funcionário, que aprende pouco com aquilo. Diferente de uma posição que precisa analisar, recuperar, retrabalhar… eu consigo até automatizar, mas se eu mudo o produto já é um um problema. Então é muito melhor acumular o conhecimento e sensibilidade nas pessoas. A ideia é que atividades onde a pessoa aprende pouco com aquilo e usa pouca habilidade são as candidatas a serem automatizadas – explica.
O vice-presidente de operações da Nidec afirma que este é um movimento que já ocorre em todo mundo e é uma lógica que a empresa está seguindo. Mas isso não significa que todos os humanos serão substituídos por máquinas.
– Quanto mais equipamentos, mais se precisa de mão de obra e qualificada. Se hoje numa linha eu tenho dois preparadores, por exemplo, no futuro, com mais automação, talvez eu tenha que ter cinco ou seis. Não existe, pelo menos em uma empresa como a nossa, a lógica de uma fábrica que trabalha no escuro porque não precisa de ninguém – garante.
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Sobre a nova linha e outros investimentos durante a pandemia
A nova linha é dedicada à fabricação de compressores da família EM, que atendem aos mercados de refrigeração residencial e comercial leve, em praticamente todos os continentes, mas especialmente no Brasil e na América Latina. Serão produzidas as últimas gerações desta família, que são produtos de alta capacidade de refrigeração e com vasta abrangência de eficiência energética, também vendidos na Europa e nos Estados Unidos.
Além de Joinville, a companhia também investiu R$ 10 milhões na unidade localizada em Itaiópolis, no Planalto Norte, para a implementação de uma nova linha de fabricação de unidades condensadoras e seladas, além de componentes internos. A ampliação da capacidade produtiva chegará a 25%, gerando cerca de 120 novos empregos diretos.
Zappone explica que a empresa trabalha mirando o mercado nacional e internacional, já que 45% do que é produzido é exportado e o restante não sai de dentro do país. Antes mesmo da pandemia estourar, estes investimentos, especialmente em Joinville, já vinham sendo discutidos entre os acionistas.
Com a vinda da Covid-19, os planos deram uma pequena paralisada, principalmente diante das incertezas geradas pela doença até então desconhecida. As avaliações de mercado, no entanto, não pararam e a sinalização de retomada da economia foi a responsável por este “start” no projeto.
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– Eu acho que o grande mérito nosso foi, apesar da pandemia, saber ler o que poderia acontecer, acreditar na nossa competência de manter o mercado e convencer o acionista de que, apesar da pandemia, o momento certo de investir era esse. Porque anteciparia movimentos de potenciais de concorrentes. Foi feito um bom estudo de mercado e tivemos ousadia – finaliza.
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