Todas as quartas-feiras, exceto quando está viajando para jogos, o zagueiro Rafael Lima vai na gruta localizada nos fundos da Catedral Santo Antônio, no centro de Chapecó, e acende três velas para Nossa Senhora Aparecida. É uma promessa que ele fez no início do ano com um pedido, que segundo ele está prestes a se realizar. Mas o zagueiro não confirma se a promessa é um pedido para o Acesso à Série A.
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– No final do ano vou revelar – disse.
Lima virou devoto de Nossa Senhora Aparecida em 2007, quando sua filha, Geovana, nasceu com insuficiência respiratória. Ela ficou três dias na UTI. Cada minuto se transformava em horas de angústia. Lima chorou, rezou e fez uma promessa para a Padroeira do Brasil. Se a sua filha melhorasse, ele subiria de joelhos a escadaria de uma igreja. Sua filha melhorou e ele pagou a promessa nos cerca de 80 degraus da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Estreito, em Florianópolis.
Lima disse que ainda tem as marcas no joelho.
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– Eu subia um pouco e chorava, subia mais e chorava. Disse. Mas, quem tem filhos, sabe que vale qualquer esforço para ver o bem deles.
– A gene prefere ficar doente no lugar deles – disse Lima.
Este não foi o único obstáculo na carreira do zagueiro que iniciou nas categorias de base do Figueirense. Ele chegou a ir jogar nos Emirados Árabes e, quando voltou, no início 2010, chegou a ficar oito meses parado.
Depois foi jogar no Inter-SM e não recebeu direito. -Pensei em abandonar o futebol- lembra. Sua mulher foi trabalhar de caixa de supermercado, sua sogra passou a vender salgadinho e seu pai ajudou com parte da aposentadoria. Rafael Lima já projetava fazer uma Faculdade de Educação Física e tentar outro emprego.
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– Minha carreira no futebol estava num abismo – lembra.
Mas além da fé em Nossa Senhora Aparecida, que lhe dava forças, ele também confiava no seu potencial. Ele sabia que não era um zagueiro “perna-de-pau”.
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Até que o técnico Joceli dos Santos e o preparador físico Hudson Coutinho chamaram o zagueiro para disputar a Segundona pelo Hercílio Luz. Depois disso ele encontrou o atacante Jean Carlos, que indicou o zagueiro para o diretor de futebol da Chapecoense, Cadu Gaúcho.
– Graças a Deus deu certo- lembra Rafael Lima. Mesmo assim não foi fácil até ele conseguir ser titular da Chapecoense. Como tinha que cumprir uma suspensão ainda do Hercílio Luz, Lima perdeu espaço. Num plantel que tinha como zagueiros Dema, Leonardo, Grolli e Souza, entre outros, Lima acabou ficando na reserva, inclusive na Série C, com o técnico Mauro Ovelha. Vieram novos técnicos, como Gilberto Pereira e Itamar Schulle e nada de titularidade. Ele só passou a ser dono da área com a chegada de Gilmar Dal Pozzo, em setembro de 2012.
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Desde então, a não ser por cartão, ele é titular indiscutível. Com ele a Chapecoense teve a melhor defesa da Série C e do Catarinense. Como recompensa, foi o capitão em 22 partidas da Série B.
– A confiança da diretoria e do treinador faz a diferença – afirmou.
Também fez a diferença a fé em Deus e a confiança em seu potencial. Graças a isso, Rafael Lima hoje é um dos destaques da Chapecoense na Série B. E faltam poucas velas para a Série A deixar de ser só fé, para se tornar realidade. Amanhã a Chapecoense enfrenta o América-RN, em casa e, com uma vitória, praticamente define o acesso.