Com a faixa etária estagnada há cinco meses, caiu a procura pela vacina da Covid-19 em Joinville. A reportagem do A Notícia teve acesso a uma planilha de doses aplicadas em unidades de saúde da cidade e, desde agosto — quando passou-se a imunizar pessoas de 30 anos ou mais com a 4ª dose —, até 12 de janeiro deste ano, a média caiu de aproximadamente 1 mil vacinados por dia para 300.
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Dados do Vacinômetro do governo do Estado mostram que apenas 20% da população vacinável (acima de 30 anos) buscou a segunda dose de reforço (4ª dose) no município. Andrei Kolaceke, secretário de Saúde de Joinville, diz que este comportamento tem sido comum entre este público e, quanto mais jovem é o usuário, menor é a cobertura vacinal.
— O que a gente acredita que acontece é que muito se falou que as faixas etárias que estão em risco para desenvolver complicações relacionadas à Covid são as de idades mais elevadas, as pessoas idosas. Reforçamos que todas as faixas etárias estão em risco, mas o que a gente verifica é que essa percepção de risco acaba sendo menor para os mais jovens, então temos uma dificuldade um pouco maior com este público com relação à procura dessas vacinas de reforço — explica o secretário.
Ainda conforme os dados da secretaria de Saúde do Estado, dos 490,3 mil moradores que tomaram a primeira dose, mais de 23 mil não voltaram buscar a segunda imunização. Já na terceira dose, disponível para a população maior de 12 anos, apenas 45% compareceu aos postos de saúde — ou seja, mais da metade dos moradores aptos à vacina não têm o primeiro reforço (terceira dose).
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Andrei Kolaceke reforça a necessidade de completar o esquema vacinal já que a eficácia do imunizante tende a diminuir com o tempo. Ele comenta que quem possui a primeira e a segunda dose tem, sim, risco menor de agravamento que possa resultar em óbito, no entanto, o simples fato de ter as duas vacinas não garante a proteção contínua contra a doença. Até porque, vale destacar, que a pandemia está mais controlada, mas o risco de contágio permanece.
— A qualquer momento, podemos ter o surgimento de novas variantes e, pelo que vimos até então, essas que surgem, por vezes, acabam driblando a imunidade que é conferida pelas vacinas. Mas ainda assim, as pessoas que estão vacinadas, têm respostas melhores no que diz respeito a agravamento do quadro e óbito, isso que pra gente é o mais importante. Portanto, ainda que venha uma variante nova, que consiga de alguma forma reduzir a eficácia com relação ao contágio, a vacina continua, pelo que temos observado, sendo eficaz — destaca.
Por que Joinville não avança a faixa etária?
Ao contrário de cidades como Florianópolis (25 anos ou mais), São José (25 ou mais) e Blumenau (18 ou mais), por exemplo, que diminuíram a faixa etária de vacinação por conta própria, Joinville permanece há cinco meses com vacinas disponíveis para pessoas que tenham a partir de 30 anos, como recomenda o protocolo do Ministério da Saúde.
O secretário da Saúde diz que a cidade, desde o início da imunização, segue as orientações a nível estadual e federal e, por isso, só irá avançar o público alvo a partir de uma nova diretriz. Além disso, explica que Joinville não optou por se juntar às outras cidades catarinenses que avançaram na vacinação para não correr o risco de desabastecimento de vacinas para o público adulto.
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— Para que a gente consiga garantir o acesso a vacinas pra aquele público que efetivamente é o alvo previsto nas normativas estaduais e federais — reitera.
Mesmo que o público não esteja indo em massa se imunizar, Kolaceke garante que não há um número expressivo de vacinas que tenham ido para o lixo no município por conta do prazo de validade vencido. Ele explica que há um controle estrito com relação às doses que são enviadas pelo governo federal e o próprio Ministério da Saúde estabelece um percentual de perda das vacinas que são distribuídas.
O que pode acontecer, segundo o secretário, é de um frasco com mais de um dose ser aberto e não ser aproveitado por inteiro naquela determinada data e, como não pode ser aplicado no dia seguinte, precisa ser descartado. Mas o número de situações em que isso precisou ser feito é inexpressivo, diz Kolaceke.
Com o objetivo de incentivar a população que ainda não vacinou-se buscar a imunização, o município faz campanhas em escolas, igrejas e demais templos religiosos e em conselhos locais de saúde, além de propagandas nas redes sociais e na imprensa local.
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Atualmente, a vacinação contra o coronavírus está disponível apenas em unidades básicas de saúde. A lista completa com endereços pode ser acessada no site da prefeitura.
— Esta é uma vacina que será permanente no calendário vacinal do município, como as demais vacinas. Esta é a expectativa, por isso a importância de se vacinar — finaliza.
Quantos se vacinaram por dia em Joinville
Gráfico abaixo mostra o número de pessoas que se vacinaram por dia em Joinville, de 1° de agosto de 2022 a 12 de janeiro de 2023 — período em que a 4ª dose ficou disponível para população com 30 anos ou mais.
Pelos números, é possível perceber que a média varia dia a dia, mas há uma tendência de queda nas últimas semanas. Próximo aos fins de semana e feriados, por exemplo, a taxa de imunização é menor.
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