Eles têm estilos diferentes e um objetivo comum: tirar os times catarinenses da luta na parte de baixo da tabela da Série A. Com pouco de tempo de trabalho até aqui, Argel Fucks e Caio Júnior assumiram Figueirense e Chapecoense em situações distintas. Enquanto o primeiro voltou ao Scarpelli com o objetivo de recuperar a confiança do elenco e fazer a equipe deslanchar na competição, Caio pegou uma Chape ainda com a sombra de Guto Ferreira, que deixou a Arená Condá e partiu rumo à Bahia com um título catarinense na bagagem, um aproveitamento que beirou os 60% e a aprovação quase integral da torcida.

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No time do Oeste, Caio Júnior tem mostrado o mesmo comportamento pelo qual ficou conhecido em toda a sua carreira: sereno com jogadores e jornalistas, obcecado pelo desenho tático e intenso quando o jogo esquenta. Em seus treinos são comuns as paradas para melhorar o posicionamento dos atletas, sem jamais perder a calma.

Empate no Scarpelli não ajuda nada para Figueirense e Chapecoense

Em Chapecó, o técnico paranaense tenta voltar à boa fase que o levou a treinar alguns dos maiores times do Brasil, como Palmeiras, Flamengo e Grêmio. Até o momento, o trabalho tem sido discreto, assim como os resultados. Mas o desafio de voltar ao Brasil após dois anos no Oriente Médio ainda mexe com ele. Na apresentação, destacou a importância de ser o técnico de ¿uma região inteira¿.

— É muito importante para a região o que a Chapecoense está fazendo. Chama atenção no Brasil inteiro e tem que continuar — afirmou o treinador, que tem 16 anos de trabalho ao lado do gramado e já dirigiu 17 equipes.

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A Chapecoense, curiosamente, é a única das equipes grandes de Santa Catarina que ainda não foi dirigida por Argel Fucks. Mas isso parece estar longe do pensamento do comandante alvinegro. De volta ao clube em que passou mais tempo como treinador, ele trouxe de volta seu conhecido estilo aguerrido.

Nos treinamentos e nas partidas, as orientações são frequentes. Os jogadores já conhecem: é participação total. Tanta que até outros treinadores estranham, como no caso de Marcelo Oliveira em 2014, que chamou Argel de ¿louco¿ após a comemoração de um gol em partida contra o Cruzeiro.

Argel não dá bola para os críticos e segue com seu estilão e frases de efeito. Gosta de dizer que está igual vinho: quanto mais velho, melhor. O salto recente na carreira, quando passou 11 meses à frente do Internacional, ajudou a elevar ainda mais a autoestima:

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— Não tenho dúvida de que me coloquei entre os treinadores emergentes do Brasil. Meu trabalho me colocou ali.

O torcedor espera agora reviver o filme de 2014 com Argel e seus soldadinhos. Para eles, o comandante dá o recado.

— Para mim, nada é fácil. Mas a gente vai conseguir. Quando é difícil, é sempre mais gostoso – avisa o treinador.

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Argel Fucks

Argel comanda o Figueirense pela terceira vez na carreira
Argel comanda o Figueirense pela terceira vez na carreira (Foto: Charles Guerra / Agencia RBS)

Engatou a carreira de técnico logo após se aposentar como jogador. O começo foi promissor. Logo no terceiro trabalho, levou o Caxias à final do returno do Gauchão contra o Inter em 2009. O resultado do jogo, no entanto, foi desastroso: 8 a 1 para o Colorado e demissão na partida seguinte. Depois disso, seu grande trabalho foi o acesso à Série B com o Criciúma em 2010. Em 2012, fez um bom trabalho no JEC, levando a equipe até a semifinal do Catarinense.

Os resultados geraram interesse do Figueirense, que o contratou para o Brasileiro. A primeira passagem não deixou boas lembranças ao torcedor alvinegro. Após um começo animador com uma vitória diante do Náutico, o time ficou nove partidas sem vencer, o que gerou nova demissão. O técnico voltou aos holofotes ao conseguir salvar o Criciúma de um rebaixamento quase certo na Série A de 2013.

No ano seguinte, apesar das críticas de parte da torcida, Argel foi novamente chamado ao Figueira. O bom trabalho no Alvinegro, com o título Estadual em 2015, o levou ao Inter em agosto daquele ano. Permaneceu no time por 11 meses, conquistando os títulos da Recopa Gaúcha e do hexacampeonato do Gauchão, com aproveitamento de 60%. Retorna agora ao Figueirense com um desafio que ele conhece: tirar a equipe da zona da degola.

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POSITIVO

– Final do returno do Gauchão de 2009 com o Caxias

– Salvar Criciúma e Figueirense em anos seguidos de rebaixamentos na Série A

– Alto aproveitamento à frente do Internacional: 60% dos pontos ganhos

NEGATIVO

– Goleada por 8 a 1 para o Inter na mesma final de returno do Gauchão de 2009

– Passagens discretas por Figueirense e Avaí em 2012

Caio Júnior

Assim como Argel, Caio Júnior começou a trabalhar como técnico pouco depois de pendurar as chuteiras, em 2000. Seu primeiro trabalho de destaque veio cinco anos mais tarde. No comando do modesto Cianorte, conseguiu uma vitória por 3 a 0 diante do Corinthians de Tevez na Copa do Brasil. Mesmo com a derrota por 5 a 1 no jogo da volta, já havia despertado o interesse de clubes maiores.

Em 2006, retornou ao Paraná Clube e conseguiu levar o time da capital paranaense à quinta colocação do Brasileirão, classificando-se para a Libertadores pela primeira e única vez em sua história. Assinou com o Palmeiras no ano seguinte, mas falhou em conseguir levar a equipe à competição internacional e não teve seu contrato renovado. Desde 2008, tem se revezado em treinar equipes brasileiras e asiáticas. No Brasil, no entanto, não conseguiu mais nenhum trabalho de destaque.

Sua única passagem por um time catarinense antes de assumir a Chapecoense também não deixou saudades: em 2014, dirigiu o Criciúma por apenas dez partidas, com aproveitamento de 33,3%. Agora, tem como missão no time do Oeste substituir à altura Guto Ferreira e manter o time do Oeste na primeira divisão.

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POSITIVO

– Vitória do Cianorte por 3 a 0 sobre o Corinthinas na Copa do Brasil de 2005

– Levar o Paraná Clube à Libertadores da América em 2006

– Título baiano com o Vitória sobre o rival Bahia, com direito a goleada de 7 X 3

NEGATIVO

– Não se firmar como treinador de ponta nos maiores times do Brasil

– Passagem fraca pelo Criciúma, com aproveitamento de apenas 33,3%