Eleitores americanos independentes e mesmo os republicanos olham para o candidato Mitt Romney e se perguntam: afinal, quem é ele e o que ele apoia.
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Ao escolher o deputado Paul Ryan como vice, célebre por suas posições econômicas conservadoras, o candidato do Partido Republicano finalmente esboçou a resposta.
Corte de impostos, governo mínimo, disciplina nos gastos públicos – um histórico de posições firmes – tornaram Ryan uma força política da direita cuja estrela faz brilhar os olhos dos membros do Tea Party, a ala mais conservadora e engajada dos republicanos. Para o jornal The New York Times, é um sinal de que os bárbaros do movimento político, antes barrados pelos portões do partido, adentraram no núcleo republicano. Desta vez, porém, com mais qualidade do que quando Sarah Palin foi escolhida para ser vice de John McCain, em 2008.
É uma maneira de dar novo estímulo a uma campanha que, nas últimas semanas, vem acumulando gafes e apanhando dos estrategistas de Barack Obama sem esboçar uma reação eficiente. Se antes as eleições americanas pareciam ser mais um referendo do governo do atual presidente, agora um novo contorno passa a ser definido, a saber: um confronto de dois projetos políticos antagônicos. A chapa Obama/Biden apostando no reforço do estado de bem estar social e investimento público para retomar o crescimento versus a chapa Romney/Ryan, pregando o apoio aos negócios e menor intervenção estatal.
Os democratas costumam dizer que o ex-governador de Massachusetts é político sem posição, capaz de dizer qualquer coisa para se eleger; ao escolher o vice, contudo, o que ele fez foi dar uma declaração de princípios.
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Analistas políticos correram imediatamente aos teclados para digitar furiosamente respostas à pergunta que todos querem saber: se a manobra diminui ou aumenta as chances de Romney. A resposta, claro, é complexa. Entre os consensos, há a ideia de que a escolha energiza os republicanos. Ryan une a base partidária incapaz de se empolgar com o candidato mórmon e ativa o discurso que prioriza a retórica conservadora no campo econômico em detrimento do social – algo muito mais atraente aos eleitores independentes.
Ao mesmo tempo, os democratas passam a ter um alvo fácil para acusações que mostrem o deputado como uma ameaça à classe média e à igualdade econômica.
Serão tempos de guerra de trincheiras nas eleições americanas.