Depois que a atuação coordenada do Banco Central (BC) e do Tesouro falharam em segurar a cotação do dólar esta semana, a presidente Dilma Rousseff começou a definir uma nova tática para a atuação do governo. Na quarta-feira, a oferta de US$ 1,774 bilhão não foi suficiente para conter a alta da moeda americana. O esforço foi em vão e o dólar fechou a R$ 2,451. Apesar dos esforços do BC, profissionais do mercado veem mais possibilidades de o dólar romper os R$ 2,50 do que de a moeda voltar para os R$ 2,30.
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A persistente volatilidade do câmbio exigirá do governo uma nova postura para definir em até que patamar o real pode se desvalorizar, seu impacto na inflação e a necessidade ou não de o BC operar no mercado à vista, hipótese que não tem a concordância, pelo menos neste momento, da própria autoridade monetária.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, cancelou sua viagem anual a Jackson Hole (EUA) e toda a diretoria do BC foi instada a permanecer em Brasília. Dilma, Tombini e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniram-se no início da noite para amarrar a nova abordagem. O Ministério da Fazenda avalia que, se necessário, o BC pode intervir, como já fez na crise em 2009, sem dar a entender que os US$ 374 bilhões de reservas desaparecerão em curto espaço de tempo, aprofundando a crise econômica. Essa é uma das avaliações feitas em conjunto com a presidente Dilma na quarta-feira.
Os dias têm sido difíceis para conter a escalada do dólar porque economistas do governo identificaram que parte da proteção à variação cambial (hedge) está sendo negociada no mercado secundário. Por isso mesmo, a necessidade de diferenciar as ações especulativas das que o mercado demanda como hedge contra a desvalorização do real.
A ideia foi separar o joio do trigo para identificar os movimentos especulativos e atacá-los de frente. O BC não considera que o mercado de câmbio esteja disfuncional, ou seja, sem referência para os preços. As intervenções do banco e a ação coordenada com o Tesouro estão ocorrendo para dar a liquidez necessária ao mercado. Banco Central e Fazenda consideram que, enquanto persistir a dúvida sobre o “timing” da retirada dos incentivos à economia americana, a tendência do real é a desvalorização. A alta do dólar, por sua vez, reflete o movimento do fluxo de capitais internacionais para os EUA.
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