A coreógrafa Deborah Colker viveu momentos de constrangimento na tarde desta segunda-feira. A artista embarcou com o seu neto no voo 1556, da Gol, que parte de Salvador rumo ao Rio de Janeiro, mas foi informada de que o comandante não decolaria com a criança a bordo. O neto dela, de 4 anos, tem epidermólise bolhosa, uma doença congênita de pele, e a tripulação suspeitava de que fosse contagiosa.
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Deborah Colker disse à imprensa que mostrou atestados comprovando que a doença do menino não era transmissível. Mesmo assim, agentes da Polícia Federal teriam entrado no avião para retirar o seu neto. A coreógrafa se recusou a deixar o voo, que decolou com atraso de uma hora, às 12h50min. Passageiros se manifestaram em favor da família e ameaçaram descer do avião caso o garoto tivesse de sair.
Em sua página no Facebook, a coreógrafa escreveu:
– Estou muito triste com tudo isso que aconteceu, a única coisa que posso falar no momento é que amo muuuuito o meu neto!
Procurada por veículos da imprensa, a assessoria da Gol alegou não ter informações precisas e disse prezar “acima de tudo pelo respeito aos seus clientes e cumprimentos das normas de voo”.
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Clara Colker, filha da coreógrafa, escreveu um relato sobre como se desenrolou o caso, publicado por Deborah em seu perfil na rede social. Confira:
“Estava sentada ao lado da minha mãe e do meu filho dentro do avião. Um funcionário me perguntou: vc tem atestado? Falei: do q? Do medico sobre a criança. Apontando na cara do meu filho. Falei: ele esta bem, tem um problema genético, sou mãe dele e responsável por ele. Insatisfeito, O cara foi até a cabine. Voltou uma mulher funcionaria. O constrangimento começou. Falei em tom ja ríspido. Ele eh o meu filho tem eb e nao tem problema nenhum em viajar sua doença nao eh contagiosa e ele esta bem. Ja viajei inúmeras vezes c ele para dentro e fora do Brasil. Nunca passei por isso. Basta olhar para mim, p pai e para avo q vivem agarrados nele e nao tem nada. Falei p Peu filmar o q ela ia dizer. Na hora ela disse q nao falaria se fosse filmada e q nao podemos filmar. Neste momento uma mulher a 3 filas de distancia grita p mim; chama o ministério publico! Isso eh preconceito e discriminação! Comecei a chorar. O theo vendo isso tudo. Surreal. A funcionaria saiu. Ficou 10minutos fora. Jurava q o avião seguiria viagem e ainda falei , deviam pedir desculpas p theo e para mim. Volta a funcionaria dizendo q o avião só vai partir com aval do medico. As pessoas começaram a se manifestar mt. Minha mãe q estava controlada até então levantou. Afinal de contas, meu filho passaria por uma analise de um medico q iria até nosso assento para avalia-lo! Surreal! Qd o medico chegou falamos: ele tem uma deficiência Genetica! Epidermolise bolhosa! E o medico fala: Ah ! Epidermolise bolhosa! Nao tem problema nenhum. O cenário dentro do avião era: quase tds passageiros em pé, indignados, vindo falar comigo, com meu filho. Super chateados. Mts tinham conexão e estavam perdendo suas conexões. Ja tinham 40 min de atraso. O medico foi falar com o comandante. Mesmo assim o comandante disse q nos só viajaríamos se ele , o medico, fizesse atestado. Aí nao tinha papel, nao tinha carimbo… Pegou um papel branco sem nada timbrado e fez o atestado. Minha vontade era descer do avião e Qd disse quero sair daqui. A mesma mulher, a primeira a gritar sobre o MP, disse q se nos saíssemos do avião tds desceriam conosco. Me sensibilizei demais. Estavam tds as pessoas do avião super solidarias, preocupadas com o constrangimento com o Theo. Resolvi ficar no avião. Nisso ja passava 1hora de atraso e o constrangimento mega. Theo me viu chorando. Tentei disfarçar q o avião inteiro nao estava atrasado por causa dele. Sei q ele percebeu. Sei q ele eh mais forte do q esse bando ignorante. Estou mt triste.
Chegaria no rio 13h50. São 14h50 e ainda estamos no ar. Devemos chegar as 15h30. Chegamos no rio as 16h10.
Como deve ser abordada uma pessoa com um problema de saúde aparente?”