O coronel Márcio Alves, novo secretário de Esporte e Cultura de Florianópolis, tem apenas três dias de trabalho, mas uma bomba já está na mão dele. Mais de 180 atletas, paratletas e treinadores de 19 modalidades diferentes aguardam o edital do bolsa atleta de 2017, que deveria ter saído no final do ano passado. E para agravar a situação, muitos desses atletas estão com parcelas do convênio do ano passado atrasadas. Em alguns casos, há mais de seis meses.
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Militar reformado da PM, Marcio Luiz Alves tem origem no ciclismo e atletismo. Foi da seleção catarinense e campeão dos Jogos Abertos. Fundou e presidiu a Associação Pedal da Grande Florianópolis, justamente uma das entidades que está com repasses do ano passado atrasadas. Por isso, sabe o prejuízo que essa situação causa.
— Como que eu vou fechar o orçamento desse ano? Isso nós não sabemos. Estamos com um grande passivo do convênio do ano passado que ainda precisamos calcular. Nos próximos dias, vamos começar a chamar os dirigentes para que eles também nos apresentem os débitos — informa.
O secretário desmente qualquer rumor de que o bolsa atleta de 2017 será cancelado. Conforme o coronel Márcio, ainda não foi feita qualquer reunião sobre o benefício para este ano.
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— Nada impede a gente de fazermos parcerias com atletas e entidades. Nossa intenção é buscar recursos junto ao Governo Federal, e sabemos que há essa disponibilidade. O prefeito Gean me solicitou que entrasse em contato com o Ministério do Esporte e a Secretaria Nacional de Juventude.
Para natação, até agora nada
Por ser formador de atletas que representam Florianópolis nos campeonatos de natação do Estado, Vinícius Becker foi contemplado com o bolsa atleta. Mas está com quatro parcelas atrasadas. Ele treina 45 atletas no Lira Tenis Clube. Cinco deles também deveriam receber o benefício.
— Os atletas dependem desse dinheiro, não só para pagar as contas, mas também para compra de equipamentos, cursos de aprimoramento, alimentação. Sem o benefício, eles acabam ficando para trás.
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Um dos alunos do Vinícius é o estudante Pedro Henrique Felisbino, de 16 anos. Das sete parcelas do convênio dele, cada uma é R$ 600, recebeu apenas três. O adolescente, campeão sulbrasileiro e recordista catarinense nos 100 e 200 metros costas juvenil, não sabe se vai seguir profissionalmente no esporte por causa da falta de incentivo.
— Não temos resposta da Fundação Municipal de Esportes. Eu acho difícil que venha essa verba, mal tem dinheiro para pagar o servidor — desacredita.
O coronel Márcio Alves garante que na sua gestão manterá o diálogo sempre aberto com atletas e entidades esportivas. Diz que pretende administrar o esporte e a cultura junto com as comunidades.
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— O que nos queremos fazer é levar o esporte para os bairros mais carentes de Florianópolis. No meu primeiro campeonato de ciclismo, eu competi com uma bicicleta emprestada, e isso mudou a minha vida. Quero que os jovens de hoje também tenham oportunidades, como eu tive — lembra o coronel.
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