Não fossem as câmeras fotográficas e os telefones capazes de filmar, tinha tudo para virar lenda, com o passar dos anos, a apresentação de Jorge Mautner na 3ª Maratona Cultural de Florianópolis: debaixo de chuva, o filho mais babalaô do Holocausto se apresentou para cerca de 60 pessoas, no gramado do Parque de Coqueiros, região continental do município.

Continua depois da publicidade

Galeria de fotos: 3ª Maratona Cultural de Florianópolis

Mas Mautner, que surgiu no palco antes das 19h – horário oficial do show – para dar “oi” e passar parte do som, parecia não tomar conhecimento do fenômeno meteorológico.

– Muito obrigada – repetia entre as músicas – Estou muito feliz de estar aqui de novo, em Florianópolis. Eu e Nélson Jacobina viemos muitas vezes, desde 1973, mas Nélson sempre estará conosco – disse Mautner, referindo-se ao amigo e parceiro musical, morto em 2012.

Continua depois da publicidade

O público, que pouco antes do início da apresentação não chegava a 20 pessoas em frente ao palco, ia surgindo das tendas e dos carros estacionados, conforme a música engatava no palco – e eram desde crianças de colo, até senhores da geração de Mautner, hoje com 72 anos de idade.

– Não tem por quê não vir. Ele é tão diferente, tão especial, que merece. É um louco do bem. Chuva não é motivo – disse a nutricionista Diane Tasca, uma das primeiras a chegar para o show.

No palco, munido de seu violino, Mautner entoou composições de várias épocas: de 1958, cantou o Sapo Cururu; de seu trabalho em parceira com Caetano Veloso, lançado em 2002, escolheu Tarado; também fez questão de incluir pelo menos uma música em homenagem a Jacobina, que chamou de “canção terrível e ao mesmo tempo não”: Morre-se assim/ Como se faz um atchim/ E de supetão/ Lá vem o rabecão, cantou.

Continua depois da publicidade

Em 2012, foi lançado o documentário Jorge Matuner – Filho do Holocausto, dirigido por Pedro Bial e Heitor D’Alincourt. O filme conta a história do músico com base em sua autobiografia.