A chuva incessante que cai em Florianópolis desde a madrugada de terça-feira, 9, tem causado transtornos em diversos bairros da cidade. Segundo a Defesa Civil, em 24 horas choveu metade de todo o volume previsto para o mês de janeiro, o que gerou inúmeros pontos de alagamento.

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No Norte da Ilha, o estrago foi grande no Rio Vermelho na manhã desta quarta-feira, 10. Fazendo jus ao nome, as ruas do bairro ficaram embaixo d’água e houve até quem comparou a situação da Servidão Caminho do Arvoredo a uma lagoa natural.

— Sempre que chove fica essa lagoa na rua. Onde moro, na Rua Hipólito Cassiano de Menezes, é ainda pior. A rua é de barro, então fica aquela lameira. Toda vez que chove é isso aí, nem sei dizer a quantos anos é essa situação — conta a diarista Fabiana Maria da Paz, de 40 anos.

Segundo os moradores da região, apesar de estar alagada desde terça-feira, a Servidão Caminho do Arvoredo é uma das menos problemáticas. Com uma galeria de rede pluvial, a tendência é que a água baixe em algumas horas assim que a chuva der uma trégua.

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— A solução foi pegar a filha, se não a gente não passa. Não posso faltar no trabalho. Eu moro há dois anos na (Servidão) Caminho do Arvoredo e há dois anos que é assim. Já procuramos a prefeitura, desentupiram os bueiros, mas em um mês já tinha entupido de novo. O problema é que tem muita areia, não é lixo. Se olhar nos dias secos dá pra ver que os bueiros estão cheio de areia — comenta Salete Silveira, de 30 anos.

Situação calamitosa

Próximo dali, fica a Servidão Maurílio Nunes, onde a situação é ainda mais dramática. Sem galerias de rede pluvial, a rua se transforma em uma lagoa nos dias de chuva intensa e chega a deixar alguns moradores ilhados, como é o caso do aposentado Sérgio Luiz Jarozeski, de 56 anos.

— Moro aqui há oito anos e sempre foi assim, ninguém nunca fez uma melhoria. Ando de muleta, então tem certos dias que não consigo sair de casa, porque a água vem até o joelho. Eu falei com o intendente do bairro várias vezes, mas não fazem nada.

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Desnível de ruas agrava problema

Nas travessas da Rodovia Joao Gualberto Soares, a “geral” do Rio Vermelho, e da Rua Cândido Pereira dos Anjos, a popular “travessão”, a situação é tão calamitosa quanto a da Servidão Maurílio Nunes. Mais baixa que as via perpendiculares, a Servidão João da Luz também fica embaixo d’água nos dias de chuva intensa.

— Toda vez que chove acontece isso. Daqui a pouco vamos colocar madeira no portão pra água não entrar em casa. A prefeitura já veio, mandamos abaixo assinado, mas nada de resolver. Isso vem desde o tempo da Ângela Amin — reclama a aposentada Marileia Goulart, de 54 anos.

Vizinho de Marileia, Armando Henrique Cardoso, de 62 anos, afirma que o problema surgiu quando a prefeitura abriu a Rua Cândido Pereira dos Anjos, porque ela foi feita mais alta que a Servidão João da Luz. Assim, sempre que chove a água escoa e se acumula ali.

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– Se tivessem feito o “travessão” (Rua Cândido Pereira dos Anjos) na mesma altura, não teria acontecido nada disso. Falamos com vários órgãos da prefeitura, chegaram a propor o levantamento da nossa rua (Servidão João da Luz), mas se fizerem isso o pessoal vai morrer afogado, porque as casas são abaixo do nível da rua.

A reportagem da Hora tentou contato com a prefeitura, mas, devido a uma reunião emergencial da equipe técnica no gabinete do prefeito Gean Loureiro, não obteve retorno até o momento da publicação.

Chuva continua durante o dia

A previsão é que a chuva persista durante toda esta quarta-feira (10) na Grande Florianópolis. Segundo informações de Bianca Souza, técnica em meteorologista, a chuva pode vir a provocar deslizamentos de terra em áreas instáveis.

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O volume de chuva esperado para o mês de janeiro na cidade é algo entre 190 e 210mm, ou seja, em alguns pontos da cidades choveu mais do que 50% da chuva esperada para todo o mês em apenas 24 horas.

Confira o acúmulo de chuva desde as 8h de terça até 8h desta quarta, segundo a Ciram e Cemaden:

– Centro: 119 mm

– Canasvieiras: 111 mm

– Itacorubi: 107 mm

– Santo Antônio de Lisboa: 99 mm

– Areias do Campeche: 98 mm

– Coqueiros: 75 mm

– Lagoa do Peri: 47 mm

Acúmulo de chuva até as 10h45min:

– Florianópolis (Areias Campeche): 104 mm

-Florianópolis (Coqueiros): 82 mm

– Palhoça (Praia de Fora): 93 mm

– Palhoça (Pinheira): 74 mm

– Imbituba (Centro): 88 mm

– Garopaba (Areias de Palhocinha): 66 mm

– Biguaçu (Cidade Universitária): 57 mm

– Governador Celso Ramos: 54 mm

– São José (Forquilhinhas): 52 mm

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