Santa Catarina tem um papel importante na formação de atletas de ginástica rítmica. Diversas ginastas já fizeram parte da seleção brasileira e, desde 2015, o Estado abriga um dos centros de referência de treinamento da modalidade. São apenas cinco em todo o país e em Florianópolis está um deles, localizado no ginásio de esportes do Instituto Estadual de Educação.

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Não à toa que o local foi escolhido para receber, até este sábado, uma clínica de treinamento de ginástica rítmica. Ministrado pela técnica da seleção brasileira de conjunto, Camila Ferezin, e idealizado pela professora e treinadora da equipe de Florianópolis, Maria Helena Kraeski, o evento está na sexta edição e o objetivo é capacitar e ajudar na formação dos profissionais que trabalham com a modalidade.

– Quando melhoramos o trabalho de base, a tarefa de quem está à frente da seleção vai ser mais tranquila, porque poderão contar com meninas de uma qualidade técnica melhor. O Brasil não tem uma escola de ginástica rítmica, então precisamos unificar a ginástica no país para que essas meninas tenham um potencial mais lapidado no futuro – diz Maria Helena.

Seleção búlgara já está confirmada

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O centro de treinamentos na Capital também foi o escolhido pelo conjunto da seleção da Bulgária para fazer o período de aclimatação antes dos Jogos Olímpicos. Ao lado de Rússia, Itália e Espanha, a escola búlgara também serve de referência para os brasileiros:

– Podemos dizer que o Brasil tem crescido bastante, mas ainda não está pronto para competir com as grandes potências. A Bulgária é uma das favoritas e deve conquistar uma medalha na competição. É um país que tem uma tradição muito grande e um nível técnico superior ao nosso – avalia a profissional.

ENTREVISTA

“A meta é conseguir uma classificação inédita”

Em entrevista ao Diário Catarinense, a técnica Camila Ferezin conta como está a preparação do país para a Olimpíada e revela que o principal objetivo é melhorar a posição de classificação, um oitavo lugar conquistado em Atenas, em 2004.

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Qual a importância desse tipo de clínica para o desenvolvimento da modalidade?

Essencial. A gente que está no mais alto em nível nacional, tem que procurar passar tudo aquilo o que aprendeu com técnicos estrangeiros, em competições internacionais, para que esses conhecimentos sejam disseminados e assim a ginástica cresça no nosso país.

Este é um ano importante, de Olimpíada. Como o Brasil está se preparando?

A gente já vem ao longo dos anos com foco nos Jogos Olímpicos e foi feito um trabalho da melhor forma possível, através da Confederação Brasileira de Ginástica, do nosso dia a dia em Aracaju, no Sergipe, onde todas nós moramos juntas, trabalhamos, vivemos e respiramos ginástica rítmica oito horas por dia.

Como funciona a concentração em Aracaju?

São 12 ginastas, 10 convocadas e duas que estão sendo avaliadas, além de médicos, fisioterapeutas, nutricionista e psicólogo. Dessas 12, cinco para a Olimpíada. A base está formada e a catarinense Jéssica Maier (21 anos) está dentro (SC ainda tem no grupo Maiara Cândido, 15 anos, em fase de avaliação). Ela é hoje a nossa principal ginasta no conjunto. As demais vagas vão ser definidas agora. Vamos começar as competições em março, em Portugal, França e Itália e vamos ver como essas cinco ginastas vão se sair, porque quanto menos mexer, melhor vai ser para nós.

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Qual o objetivo para o Rio?

Nossa meta é conseguir um resultado de classificação inédito para o país. Vamos competir em dois conjuntos: fita e misto, com os pinos (maças e arcos). Vamos com duas coreografias com músicas brasileiras bem famosas. Inclusive conseguimos que a Ivete Sangalo gravasse a voz. Contamos com a energia e vibração da torcida brasileira.

Quais países servem de modelo para o Brasil?

Procuramos seguir a escola russa nos últimos anos, desde que assumi a seleção, em 2011. Temos uma técnica russa trabalhando junto com a seleção. Também fizemos vários intercâmbios naquele país.

Os aparelhos da modalidade

Arco: Feito de madeira ou plástico, mede de 80 a 90 cm de diâmetro e pesa 300 gramas.

Bola: de borracha ou plástico, deve ter de 18 a 20 cm de diâmetro e pesar 400 gramas.

Corda: comprimento varia de acordo com o tamanho da ginasta.

Maças: utilizadas em pares, podem ser de madeira ou plástico, devem ter de 40 a 50 cm de comprimento.

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Fita: com 6 metros de comprimento, é feita de cetim, presa a uma vareta. Trata-se de um dos aparelhos mais bonitos, mas também é considerado o mais difícil. A técnica Camila Ferezin explica o motivo:

– A fita depende de muitas variáveis, como a umidade do ginásio. Pode ficar pesada e dar nó. O vento no ginásio é a nossa maior preocupação, pois pode atrapalhar a execução. Quando competimos com fita, costumamos dizer que é uma caixinha de surpresas, em que precisamos contar também com a sorte.