A partir desta segunda-feira (9), passa a vigorar o aumento no valor da passagem de ônibus de Joinville. Tanto a tarifa embarcada quanto a comprada antecipadamente terão acréscimo de R$ 0,10. Assim, o município passa a ter uma das passagens mais caras de Santa Catarina, no bilhete comprado dentro do coletivo, atrás de Jaraguá do Sul onde o valor é de R$ 5.
Continua depois da publicidade
A decisão do reajuste aconteceu em cumprimento a uma decisão judicial. A determinação prevê que os preços do bilhete sejam estipulados conforme a planilha técnica de tarifação das empresas concessionárias, que operam os serviços do transporte coletivo urbano, e não por meio de negociação de valores abaixo do estabelecido. Agora, os usuários vão pagar R$ 4,50 na passagem antecipada e R$ 4,90 na embarcada.
O aumento "fora de época" aconteceu para corrigir a defasagem nos valores, já que o reajuste aplicado em 2019 não seguiu a planilha de custos. De acordo com Gilmar Leo Kalckmann, diretor da Gidion, o cálculo do valor da passagem leva em consideração os gastos com o sistema de ônibus, como combustíveis, manutenção e pagamento de funcionários, dividido pelo número de passageiros em cima da quilometragem que os veículos rodam pela cidade.
Assim, na teoria, quando diminui o número de passageiros pagantes do sistema o valor da passagem tende a aumentar. Joinville registra queda no número de passageiros ano a ano. Kalckmann ainda esclarece que em torno de 60% das linhas de Joinville são deficitárias, ou seja, não dão resultado financeiro; as outras 40% dão lucro e acabam "pagando" as outras.
— Em algumas cidades de Santa Catarina há um subsídio da prefeitura quanto com esses valores gastos pelas concessionárias do serviço. Em Joinville, não temos esse subsídio. É a empresa que arca com todos os valores — explica Kalckmann.
Continua depois da publicidade
Os ônibus passam por manutenção constante e são limpos diariamente depois dos itinerários, segundo o diretor. Pensando no uso consciente de recursos – e também no orçamento – a empresa utiliza um sistema de captação e limpeza da água da chuva, para reaproveitar o recurso na limpeza dos veículos da frota.
Ainda conforme o diretor, a passagem embarcada – comprada dentro do coletivo e considerada uma das mais caras do Estado – representa uma fatia de 5% do total de usuários pagantes. O restante dos passageiros adquirem os bilhetes antes de embarcar nos veículos, pagando R$ 4,50, valor abaixo de muitas cidades de SC, afirma Kalckmann.

Menos passageiros
O número de passageiros que utilizam o transporte coletivo em Joinville vem diminuindo gradativamente desde a segunda metade dos anos 90. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, foram 14.528.135 passageiros no transporte público – número 4% abaixo da quantia computada no mesmo período de 2018, quando 15.041.064 usaram o serviço.
— Esta diminuição de passageiros tem relação com vários fatores. Como o aumento de usuários de transporte por aplicativo e o fato dos bairros terem crescido muito nos últimos anos passando a contar com todos os serviços necessários para a população. Assim, não é mais necessário se deslocar até o Centro ou outros bairros — afirma.
Continua depois da publicidade
Em 2019, como forma de incentivar o aumento de passageiros, o reajuste anual da tarifa ficou menor do que o previsto na planilha orçamentária das concessionárias. No início deste ano, a prefeitura informou que o aumento menor do que o esperado foi acordado com as empresas concessionárias. Agora, para cumprir a decisão judicial, a prefeitura recuou à decisão e autorizou o aumento no meio do ano para acompanhar a planilha.
Até 2030, Joinville precisa elevar para 40% a fatia do transporte coletivo entre os deslocamentos dos moradores da cidade, a meta está presente no Plano de Mobilidade. Atualmente, a estimativa é de que somente 22% dos deslocamentos na cidade são feitos por meio de ônibus.
Mudanças em planejamento
O anuncio do aumento da passagem repercutiu entre usuários do transporte público da cidade. Em reportagem publicada por A Notícia na última semana, os passageiros reclamaram da lotação dos veículos, falta de conforto e segurança. Na avaliação de quem utiliza o sistema, a frota insuficiente em horários de maior pico não justifica o segundo reajuste do ano.
Segundo o diretor, a empresa realiza diversos estudos para melhorar o sistema de transporte público joinvilense, como o acompanhamento e ajustes de linhas e itinerários nos horários de pico conforme demanda.
Continua depois da publicidade
Outro ponto em análise é instalação de um novo sistema de bilhetagem automático. O novo modelo ainda está em estudo e não tem previsão para passar a vigorar. Conforme Kalckmann, o novo sistema atenderia de maneira mais eficiente até as viagens mais curtas. Outra opção em estudo é do sistema multimodal de transporte, já bastante utilizado em outras cidades do mundo, que integra diversos meios de transporte tornando o sistema mais célere.