A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) tem como principal destaque o que não está narrado no documento. O Banco Central (BC) suprimiu a frase que estimava que a deterioração do cenário internacional causaria um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do observado na crise internacional de 2008/2009. Com a retirada dessa referência, o BC estaria sugerindo que a influência pode ser maior, segundo duas fontes, e as taxas futuras de juros assumem a rota de queda, empurradas ainda pela decisão da China de reduzir suas taxas de juro, por comentários do presidente do Fed, Ben Bernanke, e pelo corte de ratings da Espanha pela Fitch.

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– Eu acho que a mensagem (da ata) é que, no mínimo, a Selic vai para 8% – comentou a economista-chefe do Bank of New York Mellon ARX Investimentos, Solange Srour, para quem a taxa básica pode ser reduzida até chegar ao patamar de 7%.

– O cenário externo tem uma descrição pior – considerou a economista, que destacou a ausência do impacto de um quarto da crise externa dentro do documento. A ata, observa Solange, tem uma descrição de uma recuperação bastante gradual da economia doméstica e projeções de inflação mais baixas, a despeito do cambio mais depreciado.

– O Copom tirou o impacto de 1/4 da crise, dando a entender que o impacto vai ser maior – comentou o chefe de Tesouraria de um banco comede no Rio de Janeiro, projetando para hoje queda nas taxas futuras de juros.

– Parcimônia ratifica continuidade da queda dos juros em 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões de política monetária – comentou o economista da Prosper, Eduardo Velho, repetindo sua expectativa de que a Selic seguirá em baixa até que atinja o patamar de 7,5%.

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No documento divulgado nesta sexta-feira, o Copom destaca que a projeção para a inflação em 2013 se manteve estável no cenário de referência, que contempla um câmbio de R$ 2,05, e recuou no de mercado. Mas o texto observa que nos dois casos (cenário de referência e de mercado) estão acima do valor central da meta. Na ata do encontro anterior do Copom de abril, porém, o cenário de referência citado era de aumento da projeção de inflação e de estabilidade no de mercado.