Duas mulheres foram assassinadas e tiveram os corpos ocultados por seus companheiros nos últimos 30 dias, em Santa Catarina. Uma das vítimas foi enterrada no quintal de casa, em uma propriedade do interior de Xanxerê, no Oeste catarinense. A outra foi localizada dentro de uma mala de viagem em um terreno baldio de Garopaba, no litoral Sul, depois que colegas de trabalho relataram seu desaparecimento à polícia.

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Ambos os casos são tratados como feminicídio, o que eleva para 11 o número de assassinatos contra mulheres em SC. Significa que em menos de três meses, ao menos uma mulher foi morta por semana no estado, em razão do gênero. As estatísticas, anteriormente com indicativo de redução, agora se igualam a do ano passado no mesmo período.

Coordenadora das delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami), Patrícia Zimmermann D'Ávila lamenta a violência e a brutalidade com que ocorrem os crimes, mas reafirma a importância da investigação:

— É o que eu sempre venho dizendo. A investigação qualificada analisa cada caso e faz com que a gente identifique os feminicídios cada vez mais. Não podemos deixar passar em branco e nem omitir os números. Temos é que combater essa violência.

Nos últimos dois casos, as investigações tiveram início com base em denúncias que não envolviam violência doméstica ou de gênero. No Oeste, o sumiço da mulher foi comunicado à polícia como abandono de lar. A morte ocorreu ainda em 13 de fevereiro, mas o corpo foi encontrado somente na última sexta-feira (6).

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O cônjuge, relatou à polícia que matou a mulher com auxílio de uma pedra. Depois colocou o cadáver em um saco de ráfia e o depositou em um buraco cavado em uma área de mata, a cerca de 200 metros da casa onde moravam. Em seguida, procurou a polícia para registrar o abandono de lar.

no litoral Sul, o caso foi registrado como desaparecimento. O assassinato ocorreu em 19 de fevereiro. Shaiane Rosa da Rocha, 25 anos, e o cônjuge eram gaúchos, mas moravam há nove meses em SC. Ela teria sido atingida por um soco fatal, segundo relato do próprio agressor.

Após depositar o corpo da companheira dentro de uma mala e abandoná-la em um terreno baldio, o suspeito retornou ao Rio Grande do Sul. Preso nessa segunda-feira (9), ele confessou o crime.

Com medida protetiva, mulher reatou com agressor

A gaúcha morta em Garopaba já havia solicitado proteção do Estado e obtido as medidas protetivas por meio da Justiça. Após dois dias de concedidas as medidas, no entanto, a vítima reatou o relacionamento com o agressor, informou a polícia, voltando ao convívio doméstico.

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Para a delegada Patrícia Zimmermann D'Ávila, esse comportamento não é recomendado, justamente pelo perigo que o agressor já ofereceu.

— Depois que conseguiu dar o primeiro passo, que é denunciar e pedir as medidas protetivas de urgência, é importante que a vítima não concorde em se encontrar com o agressor novamente, nem que seja para tratar de outras pendências, porque é nesse momento, muitas vezes, que o feminicídio acontece — orienta.

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(Foto: Arte DC)