O deputado federal cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, disse ao jornal O Globo, na manhã deste sábado, que só irá se entregar quando sair o seu mandado de prisão. Jefferson teve o cumprimento da pena determinado pelo ministro Joaquim Barbosa no fim da tarde de sexta-feira.
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Um veículo da Polícia Federal com quatro agentes está no local desde a meia-noite de sexta, esperando que ele se entregue. À noite, da sacada, Jefferson conversou com jornalistas e afirmou que faria isso às 8h. Chegou a dizer que não haveria necessidade de mandado. Apesar disso, não quis comentar a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por volta das 9h deste sábado, ele voltou atrás. Além de afirmar que só deixaria sua residência depois de tomar conhecimento da ordem de prisão, o ex-deputado ressaltou que seu médico particular deverá ir ao seu encontro para elaborar um atestado médico. O objetivo é garantir que o petebista tenha autorização para levar seus 20 medicamentos para a cadeia.
Condenado a sete anos e 14 dias de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele foi levado para a Superintendência da PF e deveria ser encaminhado a uma casa prisional do regime semiaberto no Rio de Janeiro.
Barbosa decidiu-se pelo cumprimento da pena logo após negar o pedido de prisão domiciliar, que tramitava desde novembro. Jefferson alegava a necessidade de se recuperar em casa devido a uma cirurgia de retirada de um tumor no pâncreas em 2012. A defesa sustentou que ele precisa de tratamento médico constante e alimentação controlada, com itens como salmão defumado e geleia real, o que não estaria disponível em nenhum presídio do país.
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Dos condenados do mensalão que não tinham mais direito a recurso, Jefferson era o único que continuava solto. Além do decreto de prisão, o petebista foi multado em R$ 720 mil. Ele resolveu seguir o exemplo da antiga cúpula do PT para pagar o débito: iniciou uma campanha de arrecadação. “Minha conta no BB está disponível para os amigos, correligionários e interessados em oferecer sua contribuição”, escreveu ele em uma rede social.
De estilo peculiar e retórica afiada, Jefferson se tornou um dos pivôs do caso de compra de apoio parlamentar no Congresso pelo governo Lula. Primeiro, denunciou o esquema em 2005, cunhou a expressão mensalão, acusou Dirceu de ser o chefe da quadrilha e concedeu detalhes polêmicos das negociatas.