O chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Guillermo León Sáenz, conhecido como Alfonso Cano, visto como o intelectual e um dos ideólogos da guerrilha, morreu na sexta-feira aos 63 anos.
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De barba espessa e óculos, tez morena e suaves maneiras em público, Cano nasceu em Bogotá em 22 de julho de 1948, em uma família de classe média. Seu pai era agrônomo e a mãe, pedagoga. Estudou antropologia na Universidade Nacional e foi dirigente da Juventude Comunista entre 1974 e 1980.
Se integrou às forças rebeldes no final da década de 1970, quando as autoridades o perseguiam por participar de protestos que organizava nas ruas próximas à universidade, onde ocorriam confrontos com a polícia. Uma vez na clandestinidade, adotou o nome de guerra de Alfonso Cano e ascendeu rapidamente na hierarquia insurgente.
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Foi um dos homens de confiança de Jacobo Arenas, o mais conhecido pensador da guerrilha, de quem recebeu os conhecimentos de política rebelde. Arenas morreu em agosto de 1990 e Cano passou a ocupar o cargo frente ao “secretariado”, como é conhecida a mais alta patente das Farc, que reúne sete membros.
Cano encabeçou as negociações de paz com o governo colombiano em Caracas, Venezuela, em 1991 e em Tiaxcala, México, em 1992. Diálogos esses que não tiveram êxito.
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Durante as negociações de paz em território local com o governo do presidente Andrés Pastrana (1998-2002), foi discreto em suas aparições por considerar que o processo não chegaria a um final feliz.
Os diálogos de paz foram interrompidos em fevereiro de 2002, após as Farc sequestrarem um avião em pleno voo e aterrissarem onde se realizavam as negociações. Na aeronave estava o senador Luis Eduardo Gechem, que só foi solto em 2008.
Como resposta, Pastrana ordenou o reingresso das Forças Armadas nos 42 mil km² que estavam livres de presença militar desde o fim de 1998. Nesse período, Cano concedia entrevistas para explicar que as demandas da guerrilha pediam uma “sociedade com justiça social”.
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Segundo dados do governo colombiano, ele possuía ao menos 12 sentenças condenatórias e 142 ordens de captura por crimes como sequestro, rebelião, homicídio, entre outros.
Entre as condenações havia uma pena de 40 anos de prisão imposta em 2009 por um ataque em julho de 1999 ao povoado de Puerto Lleras, no departamento de Meta. Na ocasião, morreram 10 civis e 11 policiais, enquanto 28 oficiais foram sequestrados pelas Farc.
Em 2008, foi acusado pela explosão de um carro-bomba em um clube da capital, Bogotá, ocorrido em 2003. Morreram 36 pessoas e outras 158 ficaram feridas. Após a morte por causas naturais em março de 2008 de Pedro Antonio Marín, ou Manuel Marulanda, o Tirofijo (tiro certo), Cano foi elevado à máxima chefia dentro do secretariado rebelde.
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A partir daí, passou a reiterar que as guerrilhas sempre estavam dispostas a uma negociação de paz.
– Quero reiterar mais uma vez que cremos na solução política, no diálogo. O diálogo é o caminho – disse Cano em uma gravação divulgada pela agência de notícias Nueva Colombia, datada de agosto de 2011.