O fechamento do dólar na segunda-feira deixou de cabelo em pé quem planeja viajar ao Exterior ou costuma importar pela internet. No pico de uma sequência de altas que se acumulam nos últimos 30 dias, a moeda americana bateu em R$ 2,45 na cotação comercial – maior valor desde o estouro da crise mundial, em 2008. Essa cotação é a base para conversão da moeda na fatura do cartão de crédito.

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– O mercado está nervoso com as eleições – afirma João Medeiros, sócio da corretora Pioneer e especialista em câmbio.

Os investidores não estão confortáveis com a atual política econômica, dizem especialistas, e buscam aplicações seguras para proteger seu dinheiro – como o dólar. Ontem, a alta foi de 1,64%, mas desde o início de setembro já passa de 9% (veja gráfico ao lado). O dólar turismo (cotação para quem compra a moeda para viajar) também subiu, chegando a R$ 2,51.

– Quem está pensando em sair de férias precisa redobrar o planejamento para comprar moeda – sugere Edward Claudio Junior, educador financeiro do Instituto DSOP, de São Paulo.

Justamente nesta época do ano aquece a compra de pacotes para Natal e Réveillon, além do acerto de viagens nas férias de verão. A sugestão de especialistas é ir comprando dólar aos poucos, de forma a eliminar o risco de adquirir tudo no momento de maior alta e aproveitar pelo menos em parte os momentos de baixa.

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– Essa é uma boa opção para quem já comprou um pacote. Quem ainda não fechou negócio, talvez seja mais interessante esperar o final do ano, quando os cenários político e econômico estarão mais claro, e o dólar, possivelmente estável – afirma Edward.

Cautela também é a sugestão para quem compra pela web, em sites chineses ou americanos, por exemplo. Como a cotação do dólar no cartão de crédito só é definida no fechamento da fatura, quem comprar hoje corre o risco de pagar a conta com um dólar ainda mais caro.

Mais tensão até o final do ano

Conforme João Medeiros, quem tem dólar em casa ou depende da moeda para viajar ou pagar as contas terá mais emoções até o final do ano. Além do cenário eleitoral, a cotação do dólar está ligada ao prolongamento de dificuldades econômicas na Europa, o que tem levado a moeda americana a se valorizar em vários mercados.

A dificuldade das empresas brasileiras em ampliar as exportações também reduz a oferta da moeda no mercado brasileiro, pressionando seu preço. Outro fator que pesa sobre as verdinhas são as revisões de Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para baixo, o que inibe a chegada de capital estrangeiro como investimento.

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– Esperamos que o dólar feche o ano em R$ 2,45, mas é um momento de muita oscilação – diz Medeiros.

Em geral, analistas financeiros são mais otimistas quanto ao recuo da moeda. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostra que as apostas são de o dólar fechando o ano em R$ 2,35. Parte dos analistas prevê uma atuação mais forte do Banco Central caso a atual cotação persista.

COMO ESCAPAR DA ALTA

Nas viagens

Leve dinheiro vivo – Para compensar a alta da moeda, avalie substituir cartão de crédito internacional ou cartão pré-pago (tributados em 6,38%) por dinheiro vivo, em que o imposto é de apenas 0,38%.

Compre aos poucos – Dilua a compra de dólar em várias semanas, de modo a manter uma média da cotação. Isso evitará o risco de comprar todo valor no momento de pico.

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Escolha destinos mais baratos – O euro tem subido menos do que o dólar, em relação ao real. Trocar o embarque para os Estados Unidos por destinos na Europa pode trazer economia com hotel e restaurantes.

Nas compras no Exterior

Compare prevendo cotação mais alta – Ao comparar valor de produtos em sites estrangeiros com brasileiros, simule uma cotação de dólar até 5% mais cara, para ver se a compra continuará vantajosa com uma eventual alta.

Pague faturas atrasadas – Se tiver parcelado a fatura ou comprado parcelado, negocie com a operadora para antecipar o pagamento total. A vantagem será travar o dólar no valor de hoje.

Espere o cenário melhorar – Se não houver urgência em fazer a compra, aguarde. Parte dos especialistas acreditam que o dólar cairá após as eleições, independentemente de quem ganhar.

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Fonte: Edward Claudio Jr, educador financeiro do Instituto DSOP, de São Paulo e João Medeiros, sócio da corretora Pioneer.