Fator de risco para várias doenças, o uso do cigarro representa um problema ainda maior quando tem origem ilegal, sem o controle da Agência Nacional da Vigilância Sanitária. A exposição dos dependentes cresce na mesma proporção que o ingresso clandestino no Brasil. Atualmente, o produto ilegal representa 54% do mercado, conforme o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ECTO).

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O Dia Nacional de Combate ao Fumo é celebrado nesta quinta-feira, 29 de agosto. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), por dia, morrem em consequência do tabagismo no Brasil 428 pessoas.

O baixo preço do cigarro contrabandeado representa um atrativo a mais para os dependentes químicos. Enquanto o produto brasileiro chega às prateleiras a R$ 7, o cigarro ilegal pode ser encontrado no comércio a R$ 3. Apesar dos riscos, o agricultor Paulo Assis prefere o cigarro de procedência duvidosa.

— Eu sou errado também, sei que faz mal para a saúde, mas a gente fuma. Quando compro o cigarro brasileiro, dá pra comprar dois do Paraguai. Trabalho na roça, no pesado e não sinto nada (mesmo usando o produto ilegal) — afirmou.

Conforme a enfermeira Adriana Elias, da Gerência de Vigilância de Doenças e Agravos Crônicos da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), além de ser um fator de risco para doenças cardíacas, pulmonares e vários tipos de câncer, o cigarro ilegal expõe o usuário a problemas ainda maiores.

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— O cigarro contrabandeado não tem a validação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A gente não sabe o que pode estar sendo usado na concepção daquele cigarro. Ele não passa por uma Vigilância Sanitária, não passa por um controle de qualidade. Imagina-se o que pode ser colocado ali, venenos fortíssimos, materiais que não poderiam ser usados para consumo humano de maneira nenhuma – alertou.

Conforme a Anvisa, há 90 marcas de cigarro vendidas irregularmente no país.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, produtores de cigarro no Brasil pagam de 70% a 90% em impostos, enquanto o produtor paraguaio paga 18%.

— O aumento do imposto tem objetivo de diminuir o consumo, isso é natural no mundo inteiro. Como o cigarro contrabandeado é barato, está crescendo o consumo nas mãos da população de baixa renda. Com isso, estamos financiando o crime organizado – afirmou o presidente do ECTO Edson Luiz Vismona.

Ouça a reportagem de Juliana Gomes: