Fundamentais para a contenção de cheias no Vale do Itajaí, as barragens de Ituporanga e Taió continuam em obras depois de três anos do início da reforma para aumentar a capacidade das estruturas. Previstas inicialmente para serem entregues em maio do ano passado, estão há um ano e cinco meses atrasadas, além de ficarem R$ 7,8 milhões mais caras. O governo afirma que os serviços estão na reta final, faltando apenas a desmontagem do canteiro de obras e a limpeza do local, mas ainda serão necessários mais trabalhos no local a partir de um novo contrato para a melhoria dos equipamentos, cercamento e ajuste nos acessos. Esta etapa estava nos planos do Estado para ser feita junto com a elevação, mas foi separada.
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O novo prazo de conclusão da sobrelevação é 31 de outubro, na próxima segunda-feira, quase três anos depois da assinatura da ordem de serviço. A barragem de Taió tem, ao todo, 551 dias a mais de trabalhos, enquanto a estrutura de Ituporanga tem 611. As duas obras estão sendo feitas pela Salver Construtora e Incorporadora Ltda, com sede em Ituporanga. No ano passado, a Secretaria de Defesa Civil chegou a paralisar as obras por dois meses, de julho a setembro. Em outubro de 2015, uma enchente atingiu a região, causando danos principalmente em Rio do Sul.
O secretário de Defesa Civil do Estado, Rodrigo Moratelli, alega que durante a ocorrência as barragens já operavam com a nova capacidade. Pelo projeto, as duas terão um aumento médio de 17 milhões de metros cúbicos de vazão cada.
— Elas já estão operando com a nova capacidade. A parte técnica, que é a sobrelevação e a introdução dos canais extravasores, foi concluída, faltam fechamentos administrativos. Agora vai passar por obra de melhoria de automação, introdução de sistema de segurança, entre outras coisas — explica Moratelli.
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O secretário afirma ainda que as chuvas e a questão financeira prejudicaram o avanço das ampliações. Ele diz que o governo federal, responsável pelos recursos, repassou os valores em parcelas.
— Primeiro tivemos a recorrência da chuva. Precisamos parar a obra quando a barragem enche e esperar o lago baixar para retomar. E a outra situação foi a forma que conseguimos captar o recurso, que não veio como foi pactuado, veio em valores pequenos — argumenta o secretário, que diz que não havia como prever esses contratempos.
Após a enchente de 2011 no Vale do Itajaí, o governador Raimundo Colombo (PSD) procurou a então presidente Dilma Rousseff (PT) para pedir ajuda com obras de contenção de cheias. Com o apoio da petista, iniciou-se a sobrelevação das duas barragens. Por isso, a cada visita à região ou pergunta sobre o assunto, Colombo fazia questão de ressaltar a ajuda do governo federal.
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Em outubro do ano passado, quando Rio do Sul passou por nova enchente, Dilma veio a Santa Catarina. Pousou em Florianópolis, mas por falta de condições meteorológicas não conseguiu seguir até o Vale. Prometeu que voltaria para a inauguração das obras em Taió e Ituporanga, que depois de ter sido adiada, era prevista para ser entregue em seis meses. Entretanto, a ex-presidente perdeu o posto, a região passou por uma enchente e as reformas não foram concluídas.
A obra na Barragem Oeste, em Taió
Contratada: SALVER Construtora e Incorporadora Ltda
Data de início: 05/11/2013
Prazo inicial de conclusão: 10/05/2015
Última data de conclusão: 31/10/2016 (atrasada)
Dias originais: 540
Dias adicionados: 551
Total: 1091 dias
Valor previsto inicialmente: R$ 17.777.832,77
Valor Aditado: R$ 3.439.091,04
Valor atual: R$ 21.216.923,81
A obra na Barragem Sul, em Ituporanga
Contratada: SALVER Construtora e Incorporadora Ltda
Data de início: 05/11/2013
Prazo inicial de conclusão: 01/03/2015
Data de conclusão: 17/08/2016
Dias originais: 480
Dias aditados: 611
Total: 1091 dias
Valor original: R$ 19.999.999,99
Valor aditado: R$ 4.384.874,12
Valor atual: R$ 24.384.874,11
Valor total a mais com as duas obras: R$ 7.823.965,16
Saiba mais sobre a Barragem Oeste, em Taió
Local: Taió, no Rio Itajaí D¿Oeste
Concluída: 1973
Quem projetou: Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), extinto em 1990
Quem administra: Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)
Altura do vertedouro: 25 metros
Número de comportas: sete
Capacidade antiga de contenção: 83 milhões de metros cúbicos
Capacidade de contenção com a obra: 99,3 milhões de metros cúbicos
Tempo para a água chegar a Blumenau: 25 horas
Cidades diretamente afetadas pela vazão do Rio Itajaí D¿Oeste: Taió, Rio do Oeste, Rio do Sul e Agronômica
Quando as comportas são abertas: se o Rio das Pombas, em Rio do Oeste, estiver cheio, a Barragem Oeste é a última a ter as comportas abertas
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Acumula 18,8 metros. O limite para começar a verter é 21 metros
Saiba mais sobre a Barragem Sul, em Ituporanga
Local: Ituporanga, no Rio Itajaí do Sul
Concluída: 1975
Quem projetou: Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), extinto em 1990
Quem administra: Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)
Altura do vertedouro: 43,50 metros
Número de comportas: cinco
Capacidade atual de contenção: 93,5 milhões de metros cúbicos
Capacidade de contenção com a obra: 110 milhões de metros cúbicos
Tempo para a água chegar a Blumenau: 21 horas
Cidades diretamente afetadas pela vazão do Rio Itajaí do Sul: Ituporanga, Aurora e Rio do Sul
Quando as comportas são abertas: depende do nível do Rio Itajaí-Açu em Ituporanga e Rio do Sul, cidade atingida pelo entroncamento desta barragem e da Barragem Oeste.
Medição do acúmulo de água é de 10,5 metros. O limite para começar a verter é 29 metros