A taxa de detecção de sífilis em Santa Catarina é a maior entre todos os estados brasileiros, aponta o mais recente boletim do Ministério da Saúde sobre o assunto, divulgado em outubro. Os dados são referentes aos casos de 2018 e dizem respeito à contaminação adquirida, com transmissão através de relação sexual.

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Com 164,1 casos para cada 100 mil habitantes, a taxa da doença no Estado é quase duas vezes maior que a média nacional, que é de 75,8 casos a cada 100 mil habitantes. Levando em conta apenas os números das capitais, Florianópolis também desponta em primeiro lugar, com mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes em 2018.

De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), Santa Catarina registrou 12.138 novos casos da doença em 2018.

A médica ginecologista da Dive/SC Flávia Soares reconhece que os dados revelados pelo Ministério da Saúde são preocupantes. De acordo com ela, os números confirmam o fato de que existe uma epidemia da doença não só em Santa Catarina como em todo o país, sobretudo na região Sul, e reforçam a necessidade de mais conscientização para o uso de preservativo nas relações sexuais, o que evita a transmissão da doença.

No entanto, ainda assim, a médica ressalta que alta taxa de sífilis no estado catarinense também pode ser resultado de um esforço no sentido de diagnosticar os casos com mais rapidez.

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— Como a sífilis é uma doença silenciosa, na grande maioria das vezes passa despercebida e nós não conseguimos fazer o diagnóstico nos primeiros estágios. Mas em Santa Catarina nós temos feito um esforço para mudar isso, intensificando ações com testes rápidos, por exemplo. Então, esse número pode ser resultado disso — comenta.

Taxas de detecção de sífilis adquirida

dados
(Foto: Ministério da Saúde / Reprodução)

Principal preocupação é com gestantes

A médica ginecologista da Dive/SC Flávia Soares também destaca que a principal preocupação em relação à doença é quanto à contaminação de gestantes.

— A sífilis, de uma maneira geral, dificilmente leva uma pessoa adulta à morte. Mas na gestação ela é extremamente perigosa para o bebê. Nesses casos, ela pode provocar aborto ou sequelas muito graves — comenta.

Flávia esclarece que, quando a mãe está contaminada e não tem um diagnóstico precoce, a transmissão para o bebê ocorre durante a própria gravidez na maioria dos casos.

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Nesse quesito, Santa Catarina também está acima da média nacional, com uma taxa de 23,1 casos para cada 1.000 nascidos vivos. A média brasileira é de 21,4 casos. Outros sete estados brasileiros estão acima dessa média.

Taxas de detecção de sífilis em gestantes

dados sífilis
(Foto: Ministério da Saúde / Reprodução)

Saiba mais sobre a doença

Infecção adquirida

A sífilis incide principalmente sobre a população adulta, sendo transmitida e adquirida por meio do contato sexual desprotegido. O público masculino também se infecta mais quando considerada a razão entre os sexos, em média, registrando o dobro de diagnósticos positivos para cada novo registro entre a população feminina.

Infecção congênita

Apesar de a relação sem preservativo ser o principal meio de transmissão, o risco também afeta gestantes e risco de transmissão da sífilis para o bebê. Este último, caracterizado como congênito. Nos casos da doença na gravidez, em 40% das ocorrências a gestante pode vir a sofrer aborto, por isso o pai e a mãe precisam realizar o tratamento adequado durante a gestação. As crianças que nascem com sífilis congênita também podem desenvolver má formação e devem ser submetidas a tratamento ainda na maternidade.

Sintomas

A infecção pode apresentar três estágios e alguns sinais:

– No primeiro deles, logo nas semanas seguintes ao contágio, pode haver o aparecimento de uma ferida na região genital do portador. Essa lesão não dói, não coça e desaparece sozinha.

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– A sífilis secundária ocorre até seis meses depois da cicatrização da ferida inicial, resultando em manchas e lesões de pele semelhantes a uma alergia, normalmente na palma da mão e na planta do pé. Pode surgir ainda febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

– A fase seguinte é assintomática, perdurando por até 40 anos. Por fim, existe a fase terciária da doença, mais grave, caracterizada por lesões de pele e complicações ósseas, neurológicas e cardiovasculares, podendo inclusive levar à morte.

Diagnóstico

Teste rápido e exame sorológico.

Tratamento

A sífilis tem cura e pode ser tratada com aplicação da penicilina benzatina, popularmente conhecida como Benzetacil. A quantidade de doses, de uma a três, varia de pessoa para pessoa.

Prevenção

Uso de preservativo nas relações sexuais tanto para homens quanto para mulheres. Já o acompanhamento das gestantes e parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita.

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