Todos sabem da afinidade que Florianópolis tem com o Rio de Janeiro. Guardadas muitas proporções, nós – manezinhos – temos a velha mania de achar que somos a Cidade Maravilhosa em miniatura.
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Quem da velha guarda mané nunca teve o desejo de conhecer o Rio? Pão de Açúcar, Cristo Redendor, Copacabana (a Princesinha do Mar), Maracanã e, em casos especiais como o meu, a Rádio Nacional – nos anos 1950 a maior emissora da América Latina.
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E assim foi. Rumei à cidade em 1959 por duas ou três razões especiais. O objetivo era conhecer o Maracanã para ver o Fluminense de Telê Santana, as praias e, claro, a Rádio Nacional. Pois no Edifício A Noite, da Praça Mauá, vi pela primeira vez Cauby Peixoto e Angela Maria no programa de um dos meus ídolos, o animador de auditórios César de Alencar. Aliás, foi lá que encontrei algumas vezes um jovem falante na porta do prédio e depois na plateia, empolgado com tudo que acontecia tanto quanto eu. Hoje ele atende pelo nome de Silvio Santos.
Foi a minha realização pessoal. Sábado, das 13h às 19h, acompanhava o programa do César de Alencar, por onde desfilavam astros e estrelas incomparáveis – de uma época de ouro do rádio e da música brasileira: Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Orlando Dias, Francisco Carlos, Trio Irakitã, Trio Nagô, Emilinha Borba, Marlene e eles, Cauby Peixoto e Angela Maria.
Não satisfeito, voltava no domingo às 9h para ver o programa do Paulo Gracindo no mesmo auditório e com outros nomes de expressão do meio artístico. Dali mesmo o caminho seguinte era o Maracanã para os jogos do domingo, às 17h.
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O encanto com a dupla Cauby e Angela foi rápido. Já os conhecia do disco de vinil, do 78 RPM e dos programas da Rádio Nacional que ouvíamos em Florianópolis com sinal igual ao de uma emissora local.
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Cauby era o Roberto Carlos daquela época. Por questão de segurança, havia no auditório um vidro que, diante da empolgação exagerada dos fãs, era baixado para evitar o contato ou a invasão do palco.
Era um delírio. Aos primeiros acordes de Conceição, sua mais célebre canção, o prédio tremia – o auditório ficava no 21º andar. Cauby foi eleito muitas vezes o rei do rádio pela Revista do Rádio, de Anselmo Domingos. A carreira começou em boates do Rio acompanhado pelo irmão Moacir Peixoto, um pianista de primeira.
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Sua voz foi elogiada por Frank Sinatra, quando este veio ao país para um show no Maracanã. Ele se encantou com os falsetes praticados em meio à melodia sem perder o ritmo, o tom e a qualidade da interpretação. O brasileiro também foi aos Estados Unidos algumas vezes e chegou a gravar um CD chamado Cauby Canta Sinatra. Até hoje, é considerada a voz mais limpa e afinada entre os cantores nacionais.
Encontro com Sapoti
A Sapoti – apelido de Angela Maria – também foi rainha do rádio muitas vezes. Rivalizava com Marlene e Emilinha Borba na popularidade das cantoras brasileiras da época.
Conheci a artista no antigo hotel La Porta em Florianópolis (Praça XV de Novembro), quando fui escalado para entrevistá-la pela Rádio Guarujá. Muito jovem, já com a voz encantadora e superafinada, foi muito gentil e ficou horas à disposição. Faria o show de aniversário da emissora à noite, no auditório da Rua João Pinto.
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Na época veio com um disc jokey da Rádio Nacional chamado Jonas Garret, já falecido, e com Manoel da Conceição, o Mão de Vaca, músico que a acompanhou por muitos anos. Carreira brilhante. Sucessos como Gente Humilde, Ave Maria no Morro e tantos outros foram acoplados ao (quem sabe) maior de todos: Babalu, no qual exercitava todo o poder da sua voz.
Mais tarde e depois da grande temporada da Rádio Nacional – na qual Cauby e Angela sempre faziam apresentações para auditórios lotados nos programas de César de Alencar, Paulo Grancindo e Manoel Barcelos -, formaram uma dupla imbatível com shows inesquecíveis pelo Brasil.
Revê-los em Florianópolis será recordar os bons tempos da música bem-feita, dos clássicos, das vozes, da afinação e sobretudo das grandes interpretações valorizadas pela qualidade musical.
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Cauby Peixoto e Angela Maria têm ligação eterna com a música popular brasileira e estão no coração dos que sabem e gostam de valorizar artistas que dignificam a profissão.
Agende-se
O quê: show Reencontro com Angela Maria e Cauby Peixoto
Quando: terça-feira, às 21h
Onde: Teatro Ademir Rosa, no CIC (Av. Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: R$ 220 e R$ 190 (Clube do Assinante DC), à venda no Blueticket. Meia-entrada (R$ 110) somente na loja Blueticket (Beiramar Shopping) e bilheterias dos teatros (TAC, CIC e Pedro Ivo)
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Classificação: 12 anos