A dinâmica dos ecossistemas sempre foi limitada pela oferta de energia. Vegetais verdes captam uma pequena parte da energia solar e com isso obtêm matéria orgânica pelo processo da fotossíntese. Os herbívoros, de gafanhotos a bois, são animais que se alimentam de vegetais. Tudo o que eles podem absorver de energia é o saldo que sobrou da energia captada do sol pelos vegetais, descontada a energia que esses mesmos vegetais gastaram para seu metabolismo. Aí vem a vez dos carnívoros (vários podem ser herbívoros e carnívoros, como o homem) e o processo se repete na cadeia alimentar: aos níveis seguintes, sempre o limitado saldo energético que sobrou do nível anterior.
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Em todos os níveis, de vegetais a grandes carnívoros, sempre sobram detritos em forma de folhas mortas, fezes dos animais, cadáveres, etc., que fornecem alimento e energia aos detritívoros. Até a descamação da pele humana produz restos descamados. É por isso que temos tantos ácaros em nossas casas, que vivem desses nossos detritos.
Num certo momento bem recente da evolução, surge uma espécie inteligente que não se conformou com a limitação energética que lhe era imposta da mesma forma que a todos os seres vivos. Com sua engenhosidade, passou a obter outras formas de energia, além de somente aquela que conseguia através de sua alimentação. Primeiro, foi o fogo da lenha, útil no frio e na proteção contra feras, além de permitir acesso a outros tipos de alimento não acessíveis apenas pela ingestão direta, em forma crua. Com o tempo, outras formas de energia foram sendo descobertas: quedas d?água, vento para mover moinhos e impulsionar embarcações, óleo de baleia, turfa e tantas outras.
Descobre-se então a energia fóssil do carvão, gás natural e petróleo, resultado de restos de matéria orgânica que se acumularam no subsolo terrestre aos poucos, mas que, ao longo de milhões de anos resultaram em enormes quantidades acumuladas de carbono. Os processos geológicos sepultaram nas entranhas da terra (para sempre?) este carbono que, antes de entrar na composição dos seres vivos, já esteve presente na atmosfera e nos mares … até o dia em que o homem começa a arrancar das profundezas da terra o combustível fóssil.
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Queimado em doses telúricas, o conforto da abundante energia fóssil resultou no efeito estufa colateral que dopa a atmosfera terrestre com doentias overdoses de carbono, cujos limites de emissão agora são discutidos na COP-21, resultando, bem ou mal, no Acordo de Paris. Não será fácil, mas, tomara que este acordo penda para o bem.