Colunista do Jornal de Santa Catarina faz surpresa para a esposa e organiza casamento dentro de cafeteria

O colunista do Jornal de Santa Catarina Fabrício Cardoso publicou na revista Donna deste fim de semana o texto lido por ele na cerimônia surpresa de casamento que preparou para a esposa, Mônica Torres, em Pelotas (RS). Fabrício e Mônica atuaram na redação do Santa e hoje vivem em São Paulo. Estão juntos há 15 anos e têm dois filhos.

A união virou assunto na imprensa gaúcha e nas redes sociais porque ocorreu dentro do café em que os dois tiveram o primeiro encontro, em 2000. Confira o texto abaixo e veja aqui a reportagem sobre o casamento veiculada no Jornal do Almoço da RBS TV de Porto Alegre.

Meus votos de casamento

Meu amor, há 15 anos saquei duas fichinhas do bolso e tomamos um café ali naquele balcão. Não lembro detalhes da nossa conversa, devia ser algo sobre jornalismo, talvez. Mas o que senti nunca saiu de mim. É um sentimento tão bom que chego a ter inveja dos que ainda se perceberão, pela primeira vez, diante do amor de sua vida. Na hora, claro, a gente não compreende bem o que é aquilo. Só depois o tempo vai dando sentido e nos explica por que um instante aparentemente tão rotineiro fica voltando na lembrança. Se não sinto mais saudade daquele dia lindo é porque, a cada vez que amanheço ao teu lado, um pouco daquilo se renova. Tua companhia tem sido um combustível para eu viver melhor desde aquela data incerta de janeiro do ano 2000.

Dizem que uma das funções primordiais do amor é oferecer uma testemunha para a nossa existência. Pois sou grato pela oportunidade de te olhar. A tua companhia me proporcionou experiências tão vitais que, juro, nem sei como vivi 27 anos sem elas. E não falo de nossos meninos, que só facilitam para a gente a dura jornada de ser pai e mãe. Falo dos pequenos espetáculos que tu exibe só para mim, por ter me concedido a glória de ser a principal testemunha da tua vida.

Por exemplo, não consigo mais viver sem tuas caretas diante do espelho, enquanto tu te pintas. Não consigo mais viver sem admirar o jeito que tu secas o pé amparado no balcão da pia. Não consigo mais viver sem buscar significado para as frases abafadas ditas enquanto escovas os dentes. Não consigo mais viver sem o teu streap tease ao contrário das manhãs, quando tu paras diante do guarda-roupa, concentrada, imaginado o que vai vestir.

Isto tudo é muito lindo.

Não quero jamais perder o encantamento dos pequenos momentos, porque foi a partir de um deles, aqui no Aquários, que alcancei as razões mais profundas do nosso amor. São estas razões que me fazem te pedir, nesta tarde, para que tu fique comigo até que a morte nos separe. Queria muito que tu aceitasse.

Bem, queria agora falar um pouquinho aos nossos pais e irmãos, meus cúmplices nesta cerimônia surpresa, que nos proporcionaram felicidade infinita nos tempos em que morávamos sob o mesmo teto. Temos os nossos meninos e confesso que é desesperador imaginar o vazio que eles deixarão quando saírem de casa, atrás dos próprios sonhos. Espero que esta tarde, de alguma forma, justifique a dor que vocês sentiram quando eu e a Mônica partimos. Temos cuidado um do outro com muito amor. Nossa saudade não foi em vão, portanto.

Por fim, meu amor, acho que os tabeliões querem te proteger de mim. Nenhum dos dois quis celebrar nosso casamento no civil sem que tu autorizasse previamente. Não há contrato possível sem que as duas partes estejam cientes. Ok, aceitei o jurisdiquês deles, porque não queria estragar a surpresa. Mas te previno que o cartório lá da Turiassu está nos esperando para que a lei confirme o que eu e tu, no nosso coração, desde aquela primeira xícara de café, sempre soubemos.

Nós somos marido e mulher.