O meu primeiro contato com uma redação foi em 1991. Recém chegado ao curso de Jornalismo, fui contratado como office boy na Zero Hora. Nascido em Caxias do Sul, sabia pouco mais do que o nome da rua em que morava na capital gaúcha e lá fui eu trabalhar de boy. A função era simples: levar as contas que precisavam ser pagas e passar a tarde nas filas dos bancos do Centro de Porto Alegre. E foi num daqueles escaninhos que separavam os jornais para as editorias – Folha, Estadão, O Globo, Jornal do Brasil – que fui picado pela mosca azul do jornalismo. Nunca mais me curei.
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De rabo de olho, ficava admirando figuras como o recém-contratado diretor de Redação Augusto Nunes e sua equipe. Entre eles, caras que eu já admirava, como Eduardo Bueno, o Peninha, e mestres como Paulo Sant’anna. Lembro do dia em que entrei na sala de Opinião para entregar os jornais e lá estava Eunice Jacques, então editora da área. Nossa, o bom dia daquela mulher me fez tremer. Eu era fã de carteirinha das crônicas dela.
Passado algum tempo, fui promovido a auxiliar de redação. Pode parecer pouca coisa, mas já era alguma evolução na vida. Foi quando passei a conviver mais de perto com figuras como Carlos Urbim, editor do Segundo Caderno, Juarez Fonseca e Ricardo Carle, à época crítico de literatura (ele devorava um livro por noite), que me dava a maior força para seguir na profissão. E surgiu outra pessoa responsável por uma das maiores viradas profissionais da minha vida: Cyro Silveira Martins Filho, atual diretor da Rádio Gaúcha. Ele tinha acabado de assumir o caderno de TV e me chamou para digitar o resumo das novelas e a grade de programação.
Então, a RBS comprou o Jornal Pioneiro, em Caxias do Sul. Aí entra outro cara fundamental na minha carreira: Claudio Thomas.Foi ele, como editor-chefe, quem me deu a primeira oportunidade como repórter de Geral, em 1993, mesmo sem estar formado. Era a chance de voltar pra casa, ficar perto da namorada e amigos. Após quatro anos no Pioneiro e uma breve passagem por assessoria de imprensa, em 2001, Thomas estava em Florianópolis e acenou com uma vaga para o DC.
Começa minha história com Santa Catarina. Três meses morando em Floripa, eu tinha acabado de conhecer a minha mulher, e recebo o convite para trabalhar na Gazeta Mercantil, um sonho para quem escrevia sobre economia na época. Detalhe: a vaga era em Fortaleza. Fui. O salário era maravilhoso, só esqueceram de avisar que a empresa estava quebrada.
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Seis meses depois, retorno ao Diário Catarinense, de onde não saí mais. Desde então foram muitos anos na editoria de Economia, ao lado do mestre Euclides Lisbôa, senhor mancheteiro com quem tive a honra de conviver. Em 2008, surgiu uma vaga para assessor de Comunicação Corporativa do Grupo RBS em Santa Catarina, cargo que estava sendo criado. Disputei seleção interna e levei. Trabalhei pouco mais de um ano na função.
Foi quando o destino colocou o Cyro novamente no meu caminho. Ele veio para SC atuar como diretor de Produto. Passamos a conversar quase que diariamente, e ele me revelou que estava pensando em fazer mudanças na página 3 do DC. Queria uma coluna mais ativa, com mais hard news. Então, me olha e diz: “Por que você não assume esta coluna?”. E eu: como assim? “Taí, achei a pessoa”, disse ele. Fiquei apavorado, mas eufórico. Era a chance na minha porta.
No dia 22 de novembro de 2009 assumi a titularidade da coluna Visor do Diário Catarinense. Em 2011, passei a ter um comentário no Notícias da Tarde da CBN Diário, sempre às 14h30min. Agora, surge mais este desafio da TVCOM.
A motivação é a mesma de 1991, quando saía para pagar as contas dos outros e ficava sonhando na fila.
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