Rapázi, amanhã é sábado, talicôza, o mané seco pra jogar uma tainha na brasa, tomar um aperitivo de alambique. Másh môsagrado, a noite é pra ficar com a pomboca acesa. Tu que é mané da Carmela não fica de malinági e sabe que tamos falando da procissão vai acontecer ali na Barra do Sambaqui. Começa tudo ali na casa da dona Rosinha da Cruz, de 80 anos, não tem? É a partir das 19h. É a terceira edição e fásh parte de uma dash tradiçõnsh másh importantes do mundo mané: os festejos do Divino.

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Hora estreia coluna escrita em Manezês, o dialeto de Floripa

1 km andando

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Dona Rosinha é a côza másh quirida. Ela vai perguntando um por um se tu tásh bem alimentado pra não dar um ruim e bambear as pernas durante a caminhada de 1 km. Aí acendem as lamparinas com querosene e tum, e tum-bum, e tum-bum e talicôza, e lôza, começa a sarrafada da baqueta no tambor pra procissão: Tum-dum, tum-dum, tum-dum, tásh compreendendo? Só com a luz das estimadas, o povaréu vai andando até o engenho de Farinha. Adispôsh, pros participantes, tem uma comidarada com rosca, broa, talicôza.

Motivo

A procissão ali tem motivo: até os anos 1970, o caminho era iluminado pelas pombocas porque não tinha luz elétrica nas ruas. Dijaôji, eles fazem a procissão pra relembrar.

Nome

A pomboca era uma lamparina grande usada para iluminar dentro dos barcos. Aí o nome pegou pras lamparinas miúdas, que o povo carrega na mão: tem pombocona e pomboquinha, tendênssi?

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Leva de casa!

Agora, ô coxa colada, vê se faz a tua parte: se fores participar, fásh favor de levar

a tua pomboca de casa!

Foto: Betina Humeres/Agência RBS

Tainha e WhatsApp

Do nosso monxtro Guto Kuerten, fotógrafo e que é primo do Guga, que acorda ainda de noite e conhece um mundaréu de pescador por essa Ilha todinha: “O WhatsApp fêsh diferença na temporada da tainha: as informaçõnsh passadas em tempo real ajudaram o grupo de profissionais do mar. Uma dica de um pescador em Bombinhas de que tinha cardume voltando pro Súli fêsh outros pescadores darem um lanço de 12 mil tainhas na Barra, com barco a remo e saragaço. Altos, né?

O dia dela

Rapázi, é tanta coisa que quase que escapa pelo rabo: no dia 15 deste mês, foi comemorado o Dia Municipal da Tainha. A lei foi criada no ano passado. Cerca de 6 mil pessoas vivem da pesca em Floripa e trêsh receberam homenagem da câmara por causa do dia: seu Getúlio Manoel Inácio, do Campeche, João Marçal Nunes, pescador que veio junto com as Tainhas, do Rio Grande do Sul; E o Metuselã do Nascimento, que os másh chegados conhecem como Neném da Tainha. Em 1979, ele criou a Costão Surf Shop. Foi ele quem sugeriu a criação da data. Arrombáro, vocêgi!