Umas das côza másh massa da coluna é receber um mundaréu de comentários, sugestõnsh. Tem uns que ficam adulando os dôsh manés aqui, mas a gente fásh de conta que acredita. O que aconteceu ontem, vamo dizê pra vocêgi, ô, nunca vimos. O quiridu Norelim, que mora ali no Rio Vermelho, liga de manhã e dish que, lendo a coluna, criou coragem pra publicar as poesias que ele escreve em manezês.

Continua depois da publicidade

– Altas ideia, quiridu. Quézi mandar por e-mail, whatsapp, escrita mesmo?

– Não gosto de computador. Eu posso declamar pra ti?

Rapázi, quase márrombasse todo. O Norelim, que tem 54 anos e mora em Floripa há 25, ficou até neivôso na hora de falar. A rima é meio escangalhada, mas que é manezês, não tem dúvida. Ixpia:

Continua depois da publicidade

Ovada

Vocêgi que acham os manés uma graça, vou te conta-te uma côza

Além de gostar de tainha com pirão, nós também sabemos fazer poesia

Qués vêx, quirida?

Tu és uma baita e tali e coisa

Tu és uma tainha ovada com kisuco

Tu arrombas com a tua belezura

Gosto um mundaréu de ti,

sem frescura

To te falando assim,

cheio de guéri-guéri

Pra que nenhum mazanza

bote os bagão

Que cuide do seu imbigo

E não fique azarando minhas intençõnx contigo.

Ixpia todas as colunas já publicadas!

Hora estreia coluna escrita em Manezês, o dialeto de Floripa

Música nossa

Tem dôsh monxtros que tem a manha de compor em manezês: O Julio César Cruz da Silva, que escreveu o Reggae da Tainha – Sereia Manezinha, cantado pelo otro monxtro Valdir Agostinho em 2010. É uma homenagem pas cavalas da ilha, pra Barra e claro, pro peixe másh quirido do mané. Vai dizê que o cara não tem que ser muito bom – ou muito aluado – pra escrever uma letra que diz assim? Ô, sh, ei! Tem 20 nomes de peixe na letra completa. Ixpia aí embaixo:

Santo Antonho

Rapázi, tásh ligado aquela casinha bem na esquina da Igreja de Santo Antônio? Até trezontônti era posto policial, mas os PM foram tranferidos. Pozagora, vai ser um centrinho cultural. Vão repassar pra Associação de Moradores, o Feijão e aquela turma que tá nas redondezas do Gambarzeira. A casa tem quase 100 anos. Massa, né?