Demorô, mas demorô dimásh a rebertura do Mercado Público – marcada pra amanhã – e mesmo com esse mundaréu de adiamentos, nós nativos temos sim que soltar a goela pra comemorar. Principalmente porque o mercado, apesar de tar com catinga de tinta nova, vai tar másh próximo das côza da cidade. Então, môsagrado, ixpia umas coisas sobre o prédio amarelo quêmado que nósh vamo tem contá-te pra ti:

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Hora estreia coluna escrita em Manezês, o dialeto de Floripa

1 – Tinha outro antes

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O primeiro mercado de Floripa nem ficava ali no lugar do atual, lá por 1.800 e pouco. Deu um rebuceteio porque um grupo de manés do Centro, comerciantes, queria que ele fosse construído no lugar onde ficavam as barraquinhas – mais ou menos onde fica a Praça XV. Os outros queriam perto da ponte do Vinagre, na esquina da Hercílio Luz com a João Pinto. Acabou sendo construído ao súli do Largo da Matriz (hoje Catedral) pertinho do mar, ali por 1851. Pro lugar onde tá hoje, foi em 1899, e tinha uma ala só, a norte.

2 – dos Açores

O prédio atual é de 1928. Pra tu tês ideia, a ponte Hercílio Luz foi inaugurada dois anos antes. Chegava muita gente que tinha acabado de chegar na região, dish o monstro do Joi Cletison, do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC. “As pessoas vinham para encontrar as outras da sua terra e encontravam produtos que tinham vindo diretamente dos Açores, como balaios e temperos”.

3 – Só os esfolados

Lá no começo deste mercado, há una 100 anos, os comerciantes eram bem arrombados. A maioria dos vendedores eram escravos que tinham sido libertados e brancos que não tinham dômirrésh sequer. Quem másh comprava, além dos manés da época, eram viajantes, marinheiros e milicos.

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4 – Luz vermelha

Já teve algo quiném casa da luz vermelha no Mercado. Nos anos 1950, apesar de proibidas, algumas zonas continuaram existindo. As quiridas ficavam ali pela Conselheiro, talicôza, mash tinham acordo com pensões como a Kowaski, que ficava no Mercado. Sem esse acordo, os casális tinham que dar uma pernada até a Prainha, marromenos onde fica o Veleiros hoje. Que fôlego, hein, ô?

5 – Por que tanto sapato?

Antes de começar essa reformarada atual, tinha gente abrindo o bocão porque era sapato, sapato chinês, coreano, e as coisas da terra iam sumindo, sumindo. Segundo os sabidos do Mercado, isso piorou nos anos 1970, quando a BR-101 foi aberta, a segunda ponte construída e começou a vir gente, gente, gente pra Flonópsh.

Ei, shi, ô!, IXPIA!

Quiridus, amanhã os manés aqui vão tar de manhã no Mercado só com o bagão do olho na inauguração. Pelo site da Hora (e o twitter) vamos transmitir ao vivo e mostrar pra vocêgi como é que ficou, se tem pendenga, falar com gente massa. Ixpia ou vai lá falar com a gente, ô, bocamóli

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