Um cenário temido por petistas em março, quando vazou a delação do então senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), dá sinais de que pode se materializar. À época, o receio do partido era que o avanço das investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerasse, até 2018, condenações. Assim, Lula ficaria sem condições políticas de disputar um terceiro mandato no Palácio do Planalto.
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O cenário turvo vislumbrado por petistas ensejou o empenho da presidente Dilma Rousseff para transformar o padrinho em ministro. A manobra fracassou e Lula ficou sem o véu do foro privilegiado. Agora, o ex-presidente tornou-se réu na Operação Lava-Jato.
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, aceitou denúncia contra Lula, Delcídio e seu ex-chefe de gabinete, Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves, o advogado Édson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai. Os cinco são acusados de tentar obstruir a Justiça via compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Em um exercício hipotético, já que o ex-presidente tem o direito à presunção de inocência, uma vez réu em julho de 2016, ele corre o risco de ser condenado em primeira e segunda instância até meados de 2018, ficando com situação política para lá de frágil. Vale lembrar que a ação por obstrução é apenas um dos problemas de Lula. Seus advogados terão ainda mais trabalho pela frente. Permanecem as suspeitas sobre o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá. Um cenário difícil de se prever em 2010, quando ele deixou o Planalto.
Samba-canção
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Michel Temer apreciou cada parágrafo de A Noite Do Meu Bem, livro de Ruy Castro que narra a história do samba-canção. Ele retomou a leitura de Querido Líder, que revela segredos do governo da Coréia do Norte.
Visitas
Um restrito grupo de ex-ministros petistas mantém a rotina de visitar, discutir estratégias para o impeachment e despachar com a presidente afastada Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. José Eduardo Cardozo, Carlos Gabas, Ricardo Berzoini e Jaques Wagner são os mais assíduos. Com o ex-presidente Lula, o contato de Dilma tem sido por telefone.