Detalhadas pela União, as varreduras das Forças Armadas nos presídios deixaram dúvidas sobre a eficácia da medida. De forma periódica, os militares chegarão às cadeias em busca de armas, drogas e celulares. Em vez de impedir a entrada dos objetos, irão retirá-los. É provável que se torne um infindável exercício de enxugar gelo.
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O presidente Michel Temer teve o mérito de apresentar uma ação concreta, capaz de ser iniciada em 10 dias nos estados que solicitarem o reforço federal, mas poderia ir além. Ao menos, em coletiva, o ministro Raul Jungmann (Defesa) foi sincero: não há pretensão ou ilusão de acabar com a desordem nos presídios. Ao retirarem pistolas e facões, os militares tentarão reduzir a “letalidade” das rebeliões. Contudo, eles só estarão nas unidades em que não houver risco de motins.
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Quem conhece a realidade dos presídios é taxativo: as varreduras não empolgam. Em geral, armas são encontradas em ações de inteligência. Os presos não andam sempre com pistolas, revólveres e facas à mão. Elas ficam em mocós dentro de paredes, pisos, encanamentos e latrinas. Inclusive, mudam o endereço dos artefatos com frequência. Sem pesquisa prévia e auxílio de policiais militares, as buscas tendem a falhar.
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Neste contexto reside a dúvida de secretários de segurança do Sul e Sudeste em topar a ajuda de Temer. Já os governadores do Norte pretendem utilizar a mão amiga estendida pelo presidente.
Guaritas
Como muitos objetos entram nos presídios arremessados das ruas, especialistas acreditam que seria mais eficaz colocar as Forças Armadas, com presença diária, nas guaritas das cadeias. Não haveria contato com os presos, ampliaria a fiscalização e ainda liberaria agentes ou policiais militares para outras funções.
Fraudes
Os ministros Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social) acertaram a troca de informações dos bancos de dados das pastas para evitar fraudes no pagamento de benefícios sociais. No caso do seguro-desemprego, o governo estima que será possível economizar até R$ 700 milhões por ano com a suspensão de repasses indevidos.
*Por Guilherme Mazui. O colunista Upiara Boschi está de férias.