*Por Guilherme Mazuí, interino
A anistia do caixa 2 divide o DEM, partido do relator das medidas contra a corrupção. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é contra o perdão, em especial à tentativa de estendê-lo a outros crimes, como lavagem de dinheiro e corrupção, base de denúncias da Lava-Jato. Parte da bancada democrata pensa diferente. Ontem, o DEM foi contra a votação nominal das medidas. Foi contra a transparência. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) endossa as manobras da anistia mais ampla, promessa de blindagem aos parlamentares que tremem com a delação da Odebrecht. Maia participa das negociações com os líderes partidários. Unidos no impeachment, PMDB, PSDB, DEM, PP, PSD, PRB, PR e PTB ganharam a companhia do PT. Juntos, pretendem modificar ou derrubar o texto de Onyx. A intenção é deixar por escrito que doações contabilizadas ou não, realizadas até a publicação da lei que criminaliza o caixa 2, não serão punidas nas esferas penal, civil e eleitoral. O adiamento da votação para terça-feira é estratégico. Publicamente, Maia garante que não votará anistia alguma, mas precisa pagar a fatura da eleição para a presidência da Câmara e buscar apoio para seguir no cargo. Pelo visto, Onyx pode perder a relatoria das medidas. A chance de ser derrubado, com o auxílio de colegas de partido, é real.
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Sem digitais
Se parte da oposição quer votação nominal da anistia do caixa 2, que deixaria registrado o voto de cada deputado, é majoritário na Câmara o desejo de incluir nas medidas anticorrupção o crime de responsabilidade de juízes e promotores. Neste caso, seria aprovado por aclamação.
Divididos
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Ontem, o PT foi um dos partidos que se opôs à votação nominal das medidas contra a corrupção. Apoiou uma das etapas da manobra pró-anistia do caixa 2. Dos seus 58 deputados, 26 assinaram uma nota contra o perdão, o que reforça a divisão da bancada. Pedro Uczai e Décio Lima firmaram o documento.
Reforma
Em discussão mais uma vez na Câmara, a reforma política deve ficar para o primeiro semestre de 2017. Fim das coligações nas eleições proporcionais e cláusula de barreira são as prioridades. Os partidos nanicos já costuram uma aliança para barrar as mudanças.