*Por Guilherme Mazui – Interino
“Quando a popularidade do presidente despenca, o Congresso só olha a rua.” A sentença era repetida por emissários do então vice Michel Temer em 2015. Com Dilma Rousseff tendo 8% de aprovação, duvidavam da força da petista para aprovar seus projetos, afinal, os parlamentares deveriam se descolar de um governo reprovado.
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Feito bumerangue, situação similar bate na testa de Temer, que consumou o impeachment há um ano, aprovou a PEC do teto e tenta emplacar as reformas trabalhista e previdenciária.
Segundo o Datafolha, o presidente tem 9% de aprovação. Sua base seguirá fiel? Ou, conforme se aproxima o período eleitoral, deputados e senadores só olharão a rua?
A greve geral serve de argumento para quem não quer votar a reforma da Previdência.
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Novas manifestações neste 1º de maio podem reforçar a posição. Temer ameaça retaliar infiéis e tenta catequizar os aliados com a jura de que as reformas despertarão a economia. Na Câmara, ele sabe que a votação da PEC da Previdência será decidida no efeito manada. Quem vive no muro, ao sentir que haverá maioria pela aprovação, irá com o Planalto, preservando cargos e emendas. Se estiver consolidado o quadro de rejeição, a derrota virá.
Por ora, o Planalto dirá que os movimentos pró-impeachment não protestam contra as reformas. O desafio de Temer é fazer com que os deputados só olhem as benesses do Palácio, ficando de costas para quem rejeita o governo.
Narrativa
No PT, a pesquisa Datafolha reforça a pré-candidatura de Lula ao Planalto como escudo contra a Lava-Jato. A narrativa de perseguição do Judiciário será turbinada no Exterior. “Lá fora, ninguém entende um juiz tirando da campanha o líder das pesquisas”, diz um líder do partido.
Mira
Entre os infiéis que o Planalto ameaça punir com a perda de cargos no governo está o deputado Cícero Almeida (PMDB-AL), aliado de Renan Calheiros, crítico ferrenho das reformas de Temer. O Diário Oficial deve trazer exonerações a partir de amanhã.
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Cortes
Emenda da bancada catarinense na saúde foi reduzida quase pela metade – de R$ 190,6 milhões para pouco mais de R$ 100 milhões. O mesmo aconteceu com repasses para educação, que ficaram em cerca de R$ 18 milhões. Coordenador da bancada, João Paulo Kleinübing (PSD) pretende se reunir com a Casa Civil nesta semana para tentar reverter a decisão.