O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abre amanhã o julgamento que pode cassar a chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico na eleição de 2014. Nos gabinetes de Brasília, as apostas tabelam com o desejo do governo e do PSDB, autor da ação: o desfecho do caso será pedalado para um futuro incerto e não sabido, com a garantia ao Planalto de substituir dois dos sete ministros da Corte, cujos votos tendem a ser pela cassação.
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O cardápio para protelar é farto. Nas duas sessões marcadas para amanhã, uma de manhã e outra à noite, questões de ordem podem tentar adiar o julgamento logo de cara. Se rejeitadas, é possível que haja tempo para o relator, Herman Benjamin, concluir a leitura do resumo do processo. Em seguida, falam os advogados do PSDB (acusação), PT e PMDB (defesa) e o Ministério Público Eleitoral. Pelo cronograma pré-acertado, antes dos votos, serão discutidas questões preliminares nas quais as defesas pedem mais prazo e tentam anular os depoimentos dos delatores da Odebrecht.
Caso não haja sucesso, um pedido de vista amigo de qualquer ministro suspende os trabalhos por tempo indeterminado. Pelo que se apurou até o momento, com indícios de que a campanha recebeu, pelo menos, R$ 112 milhões em recursos irregulares, será necessária uma ginástica jurídica para absolver a chapa e, maior ainda, para punir apenas Dilma Rousseff e isentar Michel Temer. Com a credibilidade do TSE em jogo, quem advoga por Temer trabalha mesmo para adiar o fim do caso.
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Agenda
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Desde que retornou ao trabalho após cirurgia na próstata, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) decidiu “limpar” a agenda. Nas audiências com parlamentares, a prioridade é a reforma da Previdência.
Alianças
Além de criticar Temer, Renan Calheiros negocia reaproximação com o ex-presidente Lula, que pretende concorrer ao Planalto. Com reeleição difícil em Alagoas, Renan busca um cabo eleitoral poderoso. E deixa aberta a janela para a presença do PMDB em um eventual novo governo Lula.