Por Guilherme Mazui

Você é deputado do PT ou PCdoB e chamava os apoiadores do impeachment de golpistas. Em 2 de fevereiro, entrará na cabine de votação da Câmara, digitará o número na tela e verá o rostinho de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Seu voto ajudará na reeleição do presidente da Câmara, genro de Moreira Franco e fechado com Michel Temer.

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Para um eleitor desavisado, pode parecer ficção barata, mas a cena deve se materializar, com algumas dissidências nas bancadas petista e comunista. Parlamentares que bradavam “golpistas, fascistas, não passarão”, estarão de mãos dadas com um dos pilotos da barca de Temer, que ontem reverteu liminar que barrava sua candidatura. Enquanto reinava Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maia era um dos habitués do gabinete da presidência da Câmara e lhe incentivou a aceitar o impeachment de Dilma Rousseff.

Afastada a petista, distanciou-se do aliado e lhe sucedeu no trono após sua renúncia. PT e PCdoB citam a “proporcionalidade” do tamanho dos partidos no rateio das vagas na mesa da Câmara para justificar a aliança. Azar da militância. Quem torce o nariz para Maia tem as opções “golpistas” de Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF). Ex-ministro de Dilma, André Figueiredo (PDT-CE) está no páreo sem apoio maciço da esquerda. Até abril, ele tentava enquadrar colegas para barrar o impeachment. Corre o risco de não ter o empenho retribuído.

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